São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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ECONOMIA GLOBAL

Entre 2003 e 2006, segundo projeções do Fundo, a região terá alcançado expansão média de quase 5%

FMI vê crescimento sustentado da África

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Depois de décadas de estagnação e atrasos, os países da África subsaariana finalmente parecem ter ingressado no caminho do desenvolvimento sustentado.
Entre 2003 e 2006, segundo as projeções do FMI, a região mais pobre do planeta terá alcançado um crescimento médio de quase 5%. Ao mesmo tempo, registrará um dos níveis de inflação mais baixos dos últimos 30 anos.
A África ganhou um destaque especial na atual reunião conjunta do FMI e do Banco Mundial. O presidente do Bird, Paul Wolfowitz, colocou a região no topo das prioridades do banco, e o Fundo lançou um relatório específico sobre seus resultados econômicos positivos.

Menos de US$ 1 por dia
Apesar de todos os recentes avanços, a África concentra hoje mais da metade dos 600 milhões de pessoas no mundo que sobrevivem com menos de US$ 1 ao dia. Também estão no continente a maioria dos países que dificilmente atingirão as chamadas Metas do Milênio, uma série de alvos sociais que várias nações trabalham para alcançar até 2015.
Mas uma combinação de demanda aquecida por produtos primários, principalmente por China e Índia, e uma renovação da classe política em vários países africanos, vêm, segundo o Fundo, "pavimentando" o crescimento africano.
Políticas macroeconômicas mais sólidas, reformas estruturais e uma diminuição do número de conflitos armados são outros fatores apontados para uma mudança de clima em toda a região.
Os constantes aumentos dos preços dos petróleo também tiveram um impacto poderoso entre os países produtores, como Nigéria, Angola, Chade e Guiné Equatorial.
Nas previsões de 2006, o FMI prevê para a África a maior taxa de expansão econômica desde o início da década de 70. Embora as taxas positivas se dêem sobre bases muito baixas, elas são consideradas "promissoras" levando em conta a situação da região há dez anos, por exemplo.

Perdão da dívida
Os países africanos também contam com a promessa das nações mais ricas de perdão de quase US$ 40 bilhões em dívidas externas contraídas junto a organismos financeiros internacionais, como o FMI e o Bird.
Apesar dos avanços recentes, o FMI alerta que os países africanos ainda enfrentam "desafios enormes" para reduzir os atuais níveis de pobreza e lutar contra doenças como a malária e a Aids, sem falar na carência de infra-estrutura.
"A África é hoje o local mais caro do mundo para transportar qualquer coisa de um lugar para o outro, seja por falta de infra-estrutura quanto por barreiras administrativas entre os países. Elas podem ser contadas às centenas. Entre cada mil quilômetros, um motorista pode ter de enfrentar de 100 a 160 postos de fiscalização", afirma o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato. (FCZ)


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