|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil quer retaliar produtos dos EUA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro vai voltar a
pedir autorização à Organização
Mundial do Comércio (OMC) para aplicar retaliações comerciais
contra produtos americanos. Pela
segunda vez os Estados Unidos
deixaram de cumprir o prazo para retirar subsídios aos produtores de algodão, conforme determinou o organismo internacional
depois que o Brasil ganhou a ação
que moveu em Genebra. O Brasil
registrou o primeiro pedido de retaliação desse caso em julho.
Segundo o chefe do Departamento de Contenciosos do Itamaraty, ministro Roberto Azevedo, o
governo tem até 30 dias para formalizar o pedido, mas o processo
que diz o valor das retaliações não
deverá ser iniciado neste ano.
O Brasil concordou em aguardar até o fim do ano para que o
Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos tenha as condições políticas domésticas para enviar ao Congresso americano os
projetos de lei mais polêmicos,
que vão reduzir a ajuda oferecida
aos produtores americanos.
O primeiro pedido de retaliação
registrado pelo Brasil envolve a
aplicação de tarifas adicionais para as importações de produtos
americanos e a suspensão de concessões para serviços, patentes,
direitos autorais e uso de marcas.
O governo ainda não sabe o valor das retaliações, que será fixado
pela OMC. No primeiro caso elas
podem chegar a US$ 2,9 bilhões,
valor desembolsado pelo governo
americano com os programas de
subsídios no último ano.
O valor de retaliação do atual
pedido deverá ser maior, porque
deverá cobrir os prejuízos causados aos produtores brasileiros.
Nos cálculos da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
(Abrapa), de 1999 a 2002, o Brasil
teve prejuízos que podem ter chegado a US$ 480 milhões, mas o
governo ainda não fez o cálculo e
quem determina o valor da retaliação é a OMC, com base em informações do governo brasileiro.
A OMC condenou sete programas de subsídios norte-americanos. O prazo para cinco desses
programas expirou em 1º de julho. O Departamento de Agricultura chegou a anunciar algumas
mudanças. O governo brasileiro,
porém, formalizou o pedido de
retaliação na época para não perder o prazo, caso seja necessário
utilizá-lo futuramente.
No dia 21 venceu o prazo para
que fossem anunciadas as mudanças dos outros dois programas, mas, segundo o Itamaraty,
"o governo brasileiro não tem conhecimento de nenhuma medida
que tenha sido tomada pelo governo americano para cumprir
com a determinação da OMC".
Segundo Azevedo, o governo vai
voltar a formalizar o pedido de retaliação referente a esses subsídios e aguardar até o fim do ano.
Três dos sete programas -o
"Market Assistance Loan", o
"Counter-Cyclical Payments" e
"Step 2"- foram considerados
infrações graves contra as regras
da OMC. Eles causam efeito depressivo sobre o preço internacional do algodão porque as garantias oferecidas pelo governo dos
EUA protegem os produtores das
oscilações de preços do mercado.
Portanto, os americanos continuam produzindo mesmo em
condições adversas, o que gera excedentes que, quando colocados
no mercado mundial, provocam
queda nas cotações ou impedem
que os preços subam tanto quanto deveriam, de acordo com o Itamaraty.
Texto Anterior: OMC tenta superar impasse em Paris Próximo Texto: Briga de vizinho: Argentina já retém 700 mil calçados Índice
|