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Crise não afetou o mercado, diz Mantega
Ministro afirma que cenário externo, e não o caso do dossiê contra tucanos, influenciou a turbulência dos últimos dias
Argumento é o de que
a instabilidade também atingiu outras economias
de países emergentes; "Brasil está sólido", avalia
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou o caso
da compra de dossiê contra tucanos e negou que a crise política instaurada com a suspeita de
envolvimento de membros do
PT tenha influenciado a turbulência do mercado financeiro.
Nas palavras de Mantega, a
economia brasileira está "sólida" e "tranqüila".
A Bovespa (Bolsa de Valores
de São Paulo) encerrou a semana com queda de 3,72%, e o risco-país brasileiro registrou alta
de 14,5% no período.
Segundo ele, as perdas no
mercado financeiro brasileiro
foram decorrência da constatação da queda da atividade na
economia americana e do desaquecimento do setor habitacional nos Estados Unidos, além
de reflexos de crises políticas,
mas de outros países. Ele citou
o golpe de Estado na Tailândia
e a queda de gabinete na Polônia, entre outros fatos.
"Houve uma certa turbulência econômica no mundo todo,
e não só no Brasil, a não ser que
a gente imagine que os problemas do Brasil se refletiriam no
mundo todo. Ainda não estamos com essa força toda para
abalar os mercados internacionais", ironizou.
"É claro que não tem nada a
ver com o dossiê, mas é uma
turbulência internacional de
curto prazo." Segundo ele, o
movimento de alta do risco-país também foi acompanhado
no mesmo patamar por outros
países emergentes.
"Houve apenas uma turbulência internacional de curta
duração. Pode durar alguns
dias, mas o Brasil está sólido e
vacinado contra esse tipo de
turbulência. Hoje nós estamos
confortáveis diante desse tipo
de oscilação do mercado internacional", disse.
Comparação
Mantega disse que o Brasil
conseguiu diminuir a distância
entre seu risco-país em relação
a outros emergentes. Segundo
ele, em janeiro de 2006 o risco
país brasileiro era de 300 pontos-base, enquanto a média dos
países emergentes era de cerca
de 190 pontos-base. "Em setembro, essa diferença caiu para cerca de 50 pontos-base."
Mantega minimizou o impacto do dossiê e seus desdobramentos, mesmo com as investigações ainda em curso. Ele
disse que vê "exploração política" do episódio. "Estamos na
reta final da campanha eleitoral, é normal explorar tudo o
que aparece, mas [a crise] vai
ser superada e, o mais importante, ela não afeta a economia,
como a crise do ano passado
não afetou. Nós já atingimos
um nível de amadurecimento,
de modo que a política não venha a interferir nela."
Mantega manteve as projeções de crescimento da economia brasileira em 4% em 2006.
Ele citou os dados da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que apontaram aumento da renda de 4,6%,
entre 2004 e 2005 -o primeiro
crescimento desde 1996-, e
aumento de 1,1% da ocupação
nas seis regiões metropolitanas
do país em agosto. Além disso,
falou nas altas do comércio varejista e da venda de veículos.
Além disso, ele disse que a taxa básica de juros (Selic) continuará em trajetória de queda.
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