São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Crise não afetou o mercado, diz Mantega

Ministro afirma que cenário externo, e não o caso do dossiê contra tucanos, influenciou a turbulência dos últimos dias

Argumento é o de que a instabilidade também atingiu outras economias de países emergentes; "Brasil está sólido", avalia

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou o caso da compra de dossiê contra tucanos e negou que a crise política instaurada com a suspeita de envolvimento de membros do PT tenha influenciado a turbulência do mercado financeiro.
Nas palavras de Mantega, a economia brasileira está "sólida" e "tranqüila".
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou a semana com queda de 3,72%, e o risco-país brasileiro registrou alta de 14,5% no período.
Segundo ele, as perdas no mercado financeiro brasileiro foram decorrência da constatação da queda da atividade na economia americana e do desaquecimento do setor habitacional nos Estados Unidos, além de reflexos de crises políticas, mas de outros países. Ele citou o golpe de Estado na Tailândia e a queda de gabinete na Polônia, entre outros fatos.
"Houve uma certa turbulência econômica no mundo todo, e não só no Brasil, a não ser que a gente imagine que os problemas do Brasil se refletiriam no mundo todo. Ainda não estamos com essa força toda para abalar os mercados internacionais", ironizou.
"É claro que não tem nada a ver com o dossiê, mas é uma turbulência internacional de curto prazo." Segundo ele, o movimento de alta do risco-país também foi acompanhado no mesmo patamar por outros países emergentes.
"Houve apenas uma turbulência internacional de curta duração. Pode durar alguns dias, mas o Brasil está sólido e vacinado contra esse tipo de turbulência. Hoje nós estamos confortáveis diante desse tipo de oscilação do mercado internacional", disse.

Comparação
Mantega disse que o Brasil conseguiu diminuir a distância entre seu risco-país em relação a outros emergentes. Segundo ele, em janeiro de 2006 o risco país brasileiro era de 300 pontos-base, enquanto a média dos países emergentes era de cerca de 190 pontos-base. "Em setembro, essa diferença caiu para cerca de 50 pontos-base."
Mantega minimizou o impacto do dossiê e seus desdobramentos, mesmo com as investigações ainda em curso. Ele disse que vê "exploração política" do episódio. "Estamos na reta final da campanha eleitoral, é normal explorar tudo o que aparece, mas [a crise] vai ser superada e, o mais importante, ela não afeta a economia, como a crise do ano passado não afetou. Nós já atingimos um nível de amadurecimento, de modo que a política não venha a interferir nela."
Mantega manteve as projeções de crescimento da economia brasileira em 4% em 2006.
Ele citou os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que apontaram aumento da renda de 4,6%, entre 2004 e 2005 -o primeiro crescimento desde 1996-, e aumento de 1,1% da ocupação nas seis regiões metropolitanas do país em agosto. Além disso, falou nas altas do comércio varejista e da venda de veículos.
Além disso, ele disse que a taxa básica de juros (Selic) continuará em trajetória de queda.


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