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Economia vive "2ª fase" de formalização
Internacionalização de empresas ao final dos anos 90 levou ao aumento da taxa de emprego formal em vários setores
Companhias acostumadas
a altas taxas de retorno
por conta da informalidade
têm mais dificuldades para
colocar balanços em ordem
DA REPORTAGEM LOCAL
Escritórios de advocacia e
consultorias afirmam que há
procura crescente de empresas
de setores menos formalizados
para "colocar a casa em ordem"
visando os IPOs.
Everardo Maciel, consultor e
ex-secretário da Receita Federal no governo FHC, diz que as
companhias brasileiras passam
por uma "segunda fase" no processo de formalização. "No final dos anos 90, houve a formalização pela necessidade de as
empresas se internacionalizarem ou captarem dinheiro fora.
Os IPOs agora estão induzindo
ao mesmo processo."
Carlos Alberto Ramos, consultor do Ministério do Trabalho, afirma que a maior internacionalização a partir do final
dos anos 90 contribuiu fortemente para o emprego formal.
Entre 1994 e 1998, enquanto
a variação média do PIB foi de
3%, o emprego formal cresceu
magro 0,25%. Já entre 1999
(ano da desvalorização, que deu
impulso ao setor exportador e
mais internacionalizado) e
2006, o PIB variou, em média,
2,7%. Já o emprego formal subiu 4,5% ao ano, em média.
No caso dos IPOs, especialistas acreditam que a formalização do emprego atinja muito
mais os setores tradicionalmente informais, como construção e agronegócio, e apenas
marginalmente as demais
áreas da economia.
Juliana Martinelli, sócia do
escritório Martinelli Advocacia
Empresarial, afirma que só nos
últimos dois meses mais de dez
empresas, de diversos setores,
procuraram sua firma para se
preparar para os IPOs.
"Há muitas diferenças culturais entre as empresas. As que
trabalham com mais de um caixa têm um longo caminho a
percorrer. Muitas estão acostumadas com uma taxa de retorno que a irregularidade traz e
que é difícil de obter quando as
contas são colocadas em dia."
No setor de construção, muitas companhias já operam há
anos de modo formal. A Gafisa,
por exemplo, já era listada na
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) oito anos antes de
fazer o seu IPO, em 2006. "Entre a decisão de fazer a oferta
pública e a sua realização, passaram-se menos de 90 dias",
afirma Duílio Calciolari, diretor financeiro da Gafisa.
No agronegócio, um dos setores mais interessados na captação de dinheiro via IPOs é o
sucroalcooleiro. Com enormes
perspectivas de crescimento, o
segmento é ainda extremamente pulverizado (a Cosan, a
maior e que fez seu IPO em
2005, tem 10% do mercado).
Segundo um empresário da
área que prefere não ser identificado, estão programados pelos menos mais cinco IPOs no
setor até o final deste ano.
Essas companhias, diz, já vinham "arrumando" a casa há
anos. Agora, o setor como um
todo tende a acelerar esse processo, já que a inevitável concentração ocorrerá a partir dos
grupos que estiverem mais capitalizados.(FERNANDO CANZIAN)
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