São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Brasil rural desponta entre "novos Brics"

Executivos afirmam que o interior do país deverá crescer mais que litoral, apoiado por álcool e preços de commodities

Filipinas, Indonésia, México, Turquia, Vietnã e interior da China serão as outras economias emergentes que crescerão mais, diz pesquisa

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Saem as economias costeiras do Brasil e da China e entra o interior dos dois países. Em vez de Índia e Rússia, estão Filipinas, Indonésia, México, Turquia e Vietnã. Esses são os "novos Brics", as novas economias emergentes que deverão apresentar maior crescimento econômico nos próximos anos.
Pelo menos é o que diz levantamento obtido pela Folha e feito com cem executivos de multinacionais do mundo inteiro. Dos ouvidos, 71% acreditam que deve diminuir o ritmo do crescimento no que chamam de "Brasil costeiro", "China costeira" (as economias das grandes cidades desses países) e "Índia urbana" e aumentar o do interior daqueles dois primeiros países.
O estudo foi feito pela empresa de consultoria Frontier Strategy Group. Seu título é auto-explicativo: "Shifting from the Brics to the Future 7 (F-7)" ("Mudando dos Brics para os Sete do Futuro (F-7)"). Bric é o acrônimo utilizado pela primeira vez pela Goldman Sachs num relatório de 2003 para se referir aos quatro gigantes econômicos emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China.
Na América Latina, cerca de sete de cada dez ouvidos apontam o México e o interior do Brasil como mercados favoritos nos próximos cinco anos, com ligeira vantagem para o México (40% ante 32%), por conta de sua proximidade com os Estados Unidos e pelo potencial maior de atrair investimento direto estrangeiro.
"O que chamamos de Brasil rural desponta muito por conta do boom do álcool e do preço das commodities, se esse continuar a subir", disse Stephen Bailey, autor do levantamento e vice-presidente da Frontier. Para ele, apesar de representar 37% do PIB do continente e 28% de sua população, o Brasil das grandes cidades próximas ao litoral vê o ritmo de seu crescimento diminuir.
"O Brasil costeiro, a Rússia, a Índia urbana e a China continuarão a ser centros geradores de lucro muito importantes para as multinacionais, mas será difícil manter aquele crescimento da margem de lucro de dois dígitos, ano após ano, que as empresas tiveram na última década", disse o CEO de uma empresa de bebidas -os ouvidos no estudo pediram para não ter seus nomes divulgados, para falar com liberdade.

América Latina
"Quem quiser alcançar um crescimento acima da média na América Latina terá de ter uma estratégia para seduzir o México", afirmou o responsável por mercados emergentes de uma empresa alimentícia. Todos trabalham em empresas que estão entre as 500 maiores do mundo na lista da revista "Fortune". "Não se conseguirá mais um crescimento constante de dois dígitos no Brasil."
A chamada "maturidade" de mercados atrativos como o Chile e a instabilidade política ou nacionalismo potencial em países como Venezuela e Colômbia deixam poucas alternativas, segundo o levantamento. Além de Brasil e México, apenas Peru (11%) e Argentina (9%) atingiram porcentagem significativa entre as respostas.
Instados a responder o que poderia prejudicar o crescimento econômico da região como um todo num futuro próximo, os empresários apontam "crescimento do nacionalismo econômico" (28%), "queda significativa da economia norte-americana" (24%) e "declínio acentuado no preço das commodities" (16%) como os principais motivos de preocupação.

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