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Brasil rural desponta entre "novos Brics"
Executivos afirmam que o interior do país deverá crescer mais que litoral, apoiado por álcool e preços de commodities
Filipinas, Indonésia, México,
Turquia, Vietnã e interior da
China serão as outras
economias emergentes que
crescerão mais, diz pesquisa
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Saem as economias costeiras
do Brasil e da China e entra o
interior dos dois países. Em vez
de Índia e Rússia, estão Filipinas, Indonésia, México, Turquia e Vietnã. Esses são os "novos Brics", as novas economias
emergentes que deverão apresentar maior crescimento econômico nos próximos anos.
Pelo menos é o que diz levantamento obtido pela Folha e
feito com cem executivos de
multinacionais do mundo inteiro. Dos ouvidos, 71% acreditam que deve diminuir o ritmo
do crescimento no que chamam de "Brasil costeiro", "China costeira" (as economias das
grandes cidades desses países)
e "Índia urbana" e aumentar o
do interior daqueles dois primeiros países.
O estudo foi feito pela empresa de consultoria Frontier
Strategy Group. Seu título é auto-explicativo: "Shifting from
the Brics to the Future 7 (F-7)"
("Mudando dos Brics para os
Sete do Futuro (F-7)"). Bric é o
acrônimo utilizado pela primeira vez pela Goldman Sachs
num relatório de 2003 para se
referir aos quatro gigantes econômicos emergentes: Brasil,
Rússia, Índia e China.
Na América Latina, cerca de
sete de cada dez ouvidos apontam o México e o interior do
Brasil como mercados favoritos nos próximos cinco anos,
com ligeira vantagem para o
México (40% ante 32%), por
conta de sua proximidade com
os Estados Unidos e pelo potencial maior de atrair investimento direto estrangeiro.
"O que chamamos de Brasil
rural desponta muito por conta
do boom do álcool e do preço
das commodities, se esse continuar a subir", disse Stephen
Bailey, autor do levantamento
e vice-presidente da Frontier.
Para ele, apesar de representar
37% do PIB do continente e
28% de sua população, o Brasil
das grandes cidades próximas
ao litoral vê o ritmo de seu
crescimento diminuir.
"O Brasil costeiro, a Rússia, a
Índia urbana e a China continuarão a ser centros geradores
de lucro muito importantes para as multinacionais, mas será
difícil manter aquele crescimento da margem de lucro de
dois dígitos, ano após ano, que
as empresas tiveram na última
década", disse o CEO de uma
empresa de bebidas -os ouvidos no estudo pediram para
não ter seus nomes divulgados,
para falar com liberdade.
América Latina
"Quem quiser alcançar um
crescimento acima da média na
América Latina terá de ter uma
estratégia para seduzir o México", afirmou o responsável por
mercados emergentes de uma
empresa alimentícia. Todos
trabalham em empresas que
estão entre as 500 maiores do
mundo na lista da revista "Fortune". "Não se conseguirá mais
um crescimento constante de
dois dígitos no Brasil."
A chamada "maturidade" de
mercados atrativos como o
Chile e a instabilidade política
ou nacionalismo potencial em
países como Venezuela e Colômbia deixam poucas alternativas, segundo o levantamento.
Além de Brasil e México, apenas Peru (11%) e Argentina
(9%) atingiram porcentagem
significativa entre as respostas.
Instados a responder o que
poderia prejudicar o crescimento econômico da região como um todo num futuro próximo, os empresários apontam
"crescimento do nacionalismo
econômico" (28%), "queda significativa da economia norte-americana" (24%) e "declínio
acentuado no preço das commodities" (16%) como os principais motivos de preocupação.
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