São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Celular 3G acirra competição entre teles

Usuários no mundo já passam de 200 milhões; concorrência derruba os preços da conexão em banda larga na Europa

Competição cresceu após a implantação da terceira geração da telefonia celular, que viabilizou a conexão sem fio em alta velocidade

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Um anúncio da AOL (America Online) no jornal londrino "Metro", publicado há uma semana, chama a atenção do público ao oferecer um laptop Dell, gratuitamente, aos usuários que contratarem seu serviço de acesso à internet em banda larga pelo prazo mínimo de dois anos.
A doação do computador, como forma de atrair clientes para serviços com contratos pós-pagos, é um termômetro da competição existente na Europa na oferta de serviços de banda larga. A competição cresceu após a implantação da terceira geração da telefonia celular, que viabilizou a conexão sem fio em alta velocidade.
Segundo estatísticas das operadoras, já existem cerca de 200 milhões de usuários de celular de terceira geração no mundo, e a base de assinantes duplica a cada ano. A primeira geração foi o celular analógico; a segunda foi o digital. A diferença para o de terceira geração está na velocidade da transmissão de dados, que está mudando a escala de competição no mercado.
A competição tem reduzido os preços do acesso à internet.
A Vodafone (segunda maior operadora de telefonia celular mundial, atrás da China Mobile), baixou o preço do plano mensal de acesso à internet, no Reino Unido, de 42 libras (cerca de R$ 157) em julho para 25 libras (R$ 93,50) neste mês.
Há planos para conexão por um dia, por 8,5 libras (cerca de R$ 31,80), o que mostra uma concorrência direta das operadoras com os provedores de conexão Wi-Fi. O de terceira geração, porém, não alterou o preço do serviço de voz.

Privacidade
A transmissão em alta velocidade do 3G permite que o assinante veja seu interlocutor na tela do celular, com qualidade de imagem semelhante à da TV.
Mas a videochamada tem pouca receptividade entre os europeus, que a encaram como uma invasão de privacidade, e a usam apenas nas ligações entre familiares.
A tecnologia permite ainda usar o aparelho telefônico como filmadora, e a transmissão das imagens ao vivo para a pessoa que está do outro lado da linha, desde que os dois aparelhos contenham a tecnologia.
Estudos internacionais mostram que os consumidores reagem de forma diferente à nova tecnologia, de um país para outro. Os italianos usam mais a função de recepção de TV e vídeos sob demanda, com preferência para programas de humor, noticiário e conteúdo erótico. Os norte-americanos e os habitantes do Leste Europeu lideram os downloads de música. Curiosamente, os maiores usuários da função de jogos não são os adolescentes, mas profissionais de 25 a 34 anos, que a usam para ilustrar apresentações de negócios.

Banda larga
A maior mudança é no acesso à internet. Há modens que podem ser plugados tanto nos laptops como nos computadores de mesa. Já existem computadores com modem interno (ou embarcado, como dizem os técnicos) para conexão em 3G.
Segundo as empresas, as vendas têm sido puxadas pelos modens, e a tendência é a de que isso se mantenha, porque sai mais em conta para as operadoras subsidiar os modens do que os computadores. Há modens disponíveis no formato de pendrive, que o usuário leva pendurado no chaveiro.
"O usuário não precisa contratar um acesso à internet fixo e outro móvel. Isso é especialmente útil para os que mudam de endereço com freqüência, e a cada mudança têm de chamar o instalador", diz Alec Howard, executivo da Vodafone.
A tecnologia oferece velocidade de transmissão similar à da banda larga oferecida pela telefonia fixa e pelas redes de TV a cabo, com a vantagem da mobilidade.
A campanha publicitária da Vodafone, para divulgação do 3G, em outdoors no metrô londrino, chama a atenção para a mobilidade, com a imagem de um galo de terno e gravata, caminhando no campo, com o laptop sob a asa.

Liderança portuguesa
As redes de terceira geração de celular começaram a ser implantadas na Europa a partir de 2003, mas foi neste ano, especialmente nos últimos três meses, que o serviço deslanchou. Portugal é o país com maior uso proporcional dessa tecnologia: 25% dos celulares são 3G.
A segunda maior taxa (22%) é registrada na Itália, que tem 85 milhões de aparelhos celulares para uma população de 59 milhões de pessoas. O mercado italiano tem outra peculiaridade: mais de 90% dos aparelhos são pré-pagos, inclusive os de terceira geração.


A repórter ELVIRA LOBATO viajou a Londres a convite da Claro e da Qualcomm.

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