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Goldman Sachs e Morgan Stanley encerram uma era em Wall Street
DA BLOOMBERG
A Wall Street que moldou o
mundo das finanças por duas
décadas acabou anteontem,
quando o Goldman Sachs e o
Morgan Stanley concluíram
que não há futuro em continuar
como bancos de investimentos,
agora que os investidores consideram este um modelo quebrado.
A aprovação do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) à sua
tentativa de se tornarem bancos comerciais põe fim à hegemonia dos bancos de investimentos, 75 anos depois que o
Congresso dos EUA os separou
dos bancos comerciais, e coroa
semanas de caos que fizeram
com que o Lehman Brothers
pedisse concordata e desencadearam a venda do Merrill
Lynch ao Bank of America.
"A decisão marca o fim da
Wall Street que conhecemos",
disse William Isaac, ex-presidente do conselho administrativo da Federal Deposit Insurance Corp. ""É lamentável."
O Goldman -que conta entre seus ex-funcionários graduados com Henry Paulson, o
secretário do Tesouro que preside a operação de socorro, no
valor de US$ 700 bilhões, aos
bancos norte-americanos- e o
Morgan Stanley- produto da
lei de 1933 que diferenciou os
bancos de investimento dos comerciais- insistiam que não
precisavam mudar de rumo,
apesar da queda vertical de
suas ações e da disparada de
seus custos de captação.
Mas já era tarde demais. Com
a reviravolta dos mercados financeiros e com a debandada
de clientes, os executivos das
duas empresas concluíram que
não tinham outra opção.
""Há sangue na água no setor,
e os tubarões estão rondando",
disse Peter Kovalski, co-gestor
na Alpine Woods Capital Investors, na semana passada.
""Tudo se resume à percepção e
ao atual grau de confiança dentro da própria comunidade."
Wall Street não tinha passado por um abalo dessa magnitude desde a década de 1980,
quando empresas como o Morgan Stanley e o Bear Stearns
lançaram ações em Bolsa e os
mercados financeiros de Londres mudaram para sempre,
com as reformas conhecidas
como Big Bang implementadas
em 1986. O Bear Stearns desapareceu em março, comprado
pelo JPMorgan Chase.
O anúncio sobre a nova natureza do Goldman Sachs e do
Morgan Stanley abre caminho
para que os dois montem sua
base de depósitos, potencialmente por meio de aquisições.
Isso lhes permitirá contarem
mais intensamente com os depósitos dos clientes de banco de
varejo em vez de empregar recursos captados no mercado de
bônus -a alavancagem que levou ao desmonte de Bear
Stearns e Lehman Brothers.
O Morgan Stanley, que nos
últimos dias negociava uma fusão com o Wachovia, fechou
um acordo para vender 20%
das suas ações para o banco japonês Mitsubishi. Os números
do negócio, que ainda não foi
fechado, não foram divulgados,
mas a expectativa é a de que o
banco americano consiga levantar US$ 8 bilhões. Com o
possível acordo, as ações do
Morgan Stanley fecharam em
pequena baixa, de 0,44%.
A decisão do governo de assumir os ativos podres das instituições foi um alívio para o
Morgan Stanley, que chegou a
ser apontado como o próximo
banco a ser derrubado pela crise. Ele chegou ainda a negociar
a venda de parte da instituição
para o governo chinês -que já
tem 9,9% do banco.
O Goldman Sachs, visto como o mais sólido dos cinco
grandes bancos de investimento, disse que pode levantar capital para adquirir ativos se encontrar "oportunidades
atraentes", mas disse que não
há plano imediato. As suas
ações caíram 6,95%, em um dia
em que os bancos tiveram forte
queda, devido às incertezas sobre o impacto do plano governamental nos seus balanços.
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