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Em rixa com EUA, europeus preparam pacote financeiro
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A União Européia deve anunciar nos próximos dias um plano para apertar a regulamentação financeira e a fiscalização
sobre os bancos. A frouxidão
regulatória nos Estados Unidos
tem sido alvo de críticas por todo o continente, e com mais
veemência na Alemanha, maior
economia européia.
A crise acirrou a rixa entre
europeus e americanos. Ontem
o G7 (grupo dos países mais industrializados, que inclui EUA
e UE), emitiu um comunicado
elogiando as "ações extraordinárias" tomadas pelo governo
americano e pedindo a "cooperação internacional". Mas os
europeus logo esclareceram
que não planejam seguir o mesmo caminho, como pediu a Casa Branca, e assumir o controle
de papéis "podres".
A desconfiança com o plano
de Washington fez ontem com
que as principais Bolsas européias voltassem a fechar no vermelho, depois da euforia que levou às altas recordes do pregão
anterior, na sexta-feira. Londres caiu 1,41%, Paris, 2,34%, e
Frankfurt, 1,32%.
Uma das primeiras medidas
que a UE quer impor aos bancos é a obrigação de reter uma
parte dos ativos transformados
em títulos negociáveis. O comissário de Mercado Interno
da UE, Charlie McCreevy, queria um mínimo de 10%, mas o
lobby financeiro rejeitou a cifra
e ela deve cair pela metade, segundo o jornal "Financial Times", versão alemã.
Um pacote de medidas destinadas a tornar o sistema financeiro mais transparente e regulado está sendo discutido pela
UE desde o início da crise do
"subprime", em agosto do ano
passado. Uma outra medida
que faz parte do plano é o monitoramento de agências de classificação de risco.
No comunicado, os líderes do
G7 ressaltam a importância de
melhorar a regulamentação financeira e dizem estar dispostos a tomar "quaisquer ações
necessárias" para garantir a estabilidade do sistema financeiro internacional. Mas os europeus rejeitaram a idéia de que
estão todos no mesmo barco.
O ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrück, chegou à
conclusão de que não haverá
seguidores do plano americano
depois de fazer uma rodada de
telefonemas aos membros do
G7 -além dos EUA, França,
Reino Unido, Itália, Canadá,
Japão e Alemanha.
Segundo Steinbrück, a situação econômica nos demais países do G7 é diferente da americana, por isso não cabe um programa similar, que custará US$
700 bilhões aos cofres dos EUA.
Mas o ministro alemão elogiou
o plano de resgate do governo
americano e pediu que seja colocado em prática sem demora.
Da Alemanha já haviam saído críticas mais contundentes à
relutância dos EUA em regular
os mercados, da chanceler Angela Merkel a membros do gabinete, numa tentativa de se
distanciar do tumulto do outro
lado do Atlântico. "Somos parte
das forças de estabilização nestes loucos acontecimentos",
disse o vice-ministro da Economia, Hartmut Schaurte. "Não
fizemos erros anglo-saxões.
Não apostamos tudo em serviços financeiros."
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