São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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China recompra ações, e premiê admite dificuldades

Pequim ajuda bancos com ações de instituições dos EUA

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A Bolsa de Xangai subiu 7,77% pontos ontem, depois de uma alta de 9,45% na sexta-feira. O otimismo se deve principalmente à decisão do governo chinês de comprar ações de bancos que tinham títulos do Lehman Brothers e pela recomendação a estatais que adquiram ações de suas subsidiárias.
Só ontem a agência de notícias do governo, Xinhua, divulgou que sete bancos chineses possuem US$ 721 milhões em títulos do banco Lehman Brothers, que entrou em falência na semana passada.
O mais exposto, o Banco da Construção, com US$ 191 milhões em títulos, é um dos que foram beneficiados com compras de ações por um fundo de investimentos estatal.
Também ontem a estatal petrolífera CNPC adquiriu 60 milhões de ações A de sua subsidiária Petrochina na Bolsa de Xangai.
A imprensa estatal divulgou que o presidente chinês, Hu Jintao, conversou ontem por telefone com seu colega americano, George W. Bush. Hu disse a Bush que espera que as medidas de resgate financeiro surtam efeito logo e que levem a uma gradual recuperação do mercado financeiro.
"Não serve apenas aos interesses dos Estados Unidos, mas também aos da China, e beneficia a estabilidade do mercado internacional e do desenvolvimento da economia mundial", disse Hu.
No fim de semana, durante um seminário para ministros, o premiê Wen Jiabao disse que 2008 é um ano "muito difícil" por conta da instabilidade financeira, da desaceleração econômica regional e o aumento de preços domésticos na China.
"Com grande demanda doméstica, abundante capital e uma força de trabalho mais qualificada, o país está confiante e é capaz de reforçar o bom momento de crescimento econômico", disse Wen.
O vice-presidente do Banco Popular da China, nome oficial do Banco Central, Su Ning, também procurou manter a mensagem otimista do governo.
"No geral, a economia está se desenvolvendo na linha de nossas medidas de controle macroeconômicas. O impacto negativo da economia global e grandes desastres naturais não mudaram a situação básica de nossa economia, e alcançamos um crescimento sustentável", disse.
Analistas discordam dessa visão tão positiva do governo. O banco britânico Standard Chartered refez suas previsões, puxando para baixo o crescimento chinês.
"Se calculado corretamente, o PIB deste ano pode ficar abaixo de 9%", disse Stephen Green, chefe de análise do banco em Xangai. "A desaceleração não é momentânea e deve entrar em 2009."
Em 2009, a previsão de crescimento é de 7,9%, quando anteriormente era de 8,6%. Se confirmado, será o pior crescimento do país desde 1998, ainda sob os efeitos da crise asiática.
Para Green, o debate político deve se intensificar em outubro. "O Banco Central fala de inflação, o Ministério das Finanças quer uma atitude mais conservadora no campo fiscal, querendo cortar gastos para compensar a reconstrução da Província de Sichuan, arrasada pelo terremoto de maio", disse. "Mas as Províncias continuam a defender crescimento e muito gasto."


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