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China recompra ações, e premiê admite dificuldades
Pequim ajuda bancos com ações de instituições dos EUA
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A Bolsa de Xangai subiu
7,77% pontos ontem, depois de
uma alta de 9,45% na sexta-feira. O otimismo se deve principalmente à decisão do governo
chinês de comprar ações de
bancos que tinham títulos do
Lehman Brothers e pela recomendação a estatais que adquiram ações de suas subsidiárias.
Só ontem a agência de notícias do governo, Xinhua, divulgou que sete bancos chineses
possuem US$ 721 milhões em
títulos do banco Lehman Brothers, que entrou em falência
na semana passada.
O mais exposto, o Banco da
Construção, com US$ 191 milhões em títulos, é um dos que
foram beneficiados com compras de ações por um fundo de
investimentos estatal.
Também ontem a estatal petrolífera CNPC adquiriu 60 milhões de ações A de sua subsidiária Petrochina na Bolsa de
Xangai.
A imprensa estatal divulgou
que o presidente chinês, Hu
Jintao, conversou ontem por
telefone com seu colega americano, George W. Bush. Hu disse
a Bush que espera que as medidas de resgate financeiro surtam efeito logo e que levem a
uma gradual recuperação do
mercado financeiro.
"Não serve apenas aos interesses dos Estados Unidos, mas
também aos da China, e beneficia a estabilidade do mercado
internacional e do desenvolvimento da economia mundial",
disse Hu.
No fim de semana, durante
um seminário para ministros, o
premiê Wen Jiabao disse que
2008 é um ano "muito difícil"
por conta da instabilidade financeira, da desaceleração econômica regional e o aumento
de preços domésticos na China.
"Com grande demanda doméstica, abundante capital e
uma força de trabalho mais
qualificada, o país está confiante e é capaz de reforçar o bom
momento de crescimento econômico", disse Wen.
O vice-presidente do Banco
Popular da China, nome oficial
do Banco Central, Su Ning,
também procurou manter a
mensagem otimista do governo.
"No geral, a economia está se
desenvolvendo na linha de nossas medidas de controle macroeconômicas. O impacto negativo da economia global e
grandes desastres naturais não
mudaram a situação básica de
nossa economia, e alcançamos
um crescimento sustentável",
disse.
Analistas discordam dessa
visão tão positiva do governo. O
banco britânico Standard
Chartered refez suas previsões,
puxando para baixo o crescimento chinês.
"Se calculado corretamente,
o PIB deste ano pode ficar abaixo de 9%", disse Stephen
Green, chefe de análise do banco em Xangai. "A desaceleração
não é momentânea e deve entrar em 2009."
Em 2009, a previsão de crescimento é de 7,9%, quando anteriormente era de 8,6%. Se
confirmado, será o pior crescimento do país desde 1998, ainda sob os efeitos da crise asiática.
Para Green, o debate político
deve se intensificar em outubro. "O Banco Central fala de
inflação, o Ministério das Finanças quer uma atitude mais
conservadora no campo fiscal,
querendo cortar gastos para
compensar a reconstrução da
Província de Sichuan, arrasada
pelo terremoto de maio", disse.
"Mas as Províncias continuam
a defender crescimento e muito gasto."
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