|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTA-GOTAS
Fiesp diz que país está "perdendo a oportunidade" de aproveitar o ambiente favorável para cortar mais os juros
Para empresários, redução foi frustrante
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução de um ponto percentual na taxa Selic, anunciada ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária), contrariou as expectativas de empresários, que esperavam uma queda maior nos
juros básicos.
Em nota divulgada na noite de
ontem, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Horacio Lafer Piva,
afirmou que o governo está "perdendo a oportunidade" de aproveitar o ambiente favorável ao
controle de preços para reduzir
mais intensamente os juros.
"Quem vê o cliente sabe que o
poder de barganha está todo com
o consumidor." Piva defendeu
que o Banco Central optou por
um ajuste mais apertado na política monetária "muito cedo".
"Com isso, reduz o impacto de
cada decisão sua no nível de confiança de consumidores e empresários, tornando quase desprezível qualquer contribuição sua adicional para a economia neste final
de ano", afirma Piva na nota.
De acordo com a Fiesp, há aquecimento da demanda doméstica,
mas essa reação está sendo sentida de forma muito gradual e apenas pelos exportadores. "O Banco
Central deve avaliar mais de perto
a situação dos demais empresários, que são os mais afetados pela
política monetária. Se não conseguir distinguir a dinâmica desses
dois mundos, irá atirar no que vê
e punir quem ainda não viu seus
números no azul."
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o corte foi
frustrante. "Na nossa avaliação, a
queda deveria ter sido de, no mínimo, 1,5 ponto percentual. O
comportamento favorável da inflação, a estabilidade do câmbio, a
queda do risco-país e a ausência
de pressões de demanda permitiam tal redução sem prejuízo da
meta de inflação", diz nota da entidade, que defendeu também a
redução do "spread" bancário.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida,
do Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial),
afirmou que "poderia ser mais".
"O consumidor ainda vai comprar uma geladeira e pagar por
duas. O ideal seria voltar pelo menos aos patamares de setembro
do ano passado [18%], quando a
taxa começou a subir."
Para ele, o compatível para uma
previsão de inflação de 6% em
2004 é uma taxa de juros real de
10%. "Ou seja, uma Selic a 16%,
que é quanto esperamos chegar
no final do ano".
O comércio também não aprovou o tamanho do corte, que classificou como conservador. O presidente da Associação Comercial
de São Paulo (ACSP), Guilherme
Afif Domingos, defendeu uma
nova redução no compulsório
(valor que os bancos são obrigados a depositar no BC).
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, disse que a
redução de um ponto percentual
é "lamentável". "Depois de dez
meses de governo Lula, estamos
em situação pior do que no governo FHC", disse. "Esperávamos
que o Copom mantivesse o ritmo
de redução em dois pontos percentuais para que houvesse pelo
menos a expectativa de crescimento no final do ano."
O presidente da CUT, Luiz Marinho, afirmou que essa redução
era esperada, mas é insuficiente
para a retomada do crescimento
da economia.
Texto Anterior: Bancos anunciam redução em taxas Próximo Texto: Frases Índice
|