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Para Lisboa, aumento da taxa tem impacto temporário na economia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Marcos Lisboa, tentou ontem minimizar a alta dos juros de 0,5
ponto percentual definida pelo
Copom, dizendo que as decisões
de política monetária só têm repercussão num intervalo máximo
de um ano e meio e que um crescimento mais longo depende de
outras variáveis.
"Variações de juros têm impacto temporário. Têm impacto na
flutuação da atividade econômica
em períodos curtos, mas não em
períodos longos", disse. Só valem,
segundo ele, num intervalo máximo de um ano e meio.
Passado esse prazo, diz, outras
"variáveis" se tornam mais importantes para determinar o crescimento: aumento da produtividade, maior eficiência das instituições (de governo, como agências reguladoras) e redução dos
custos de transações financeiras
(leia-se: crédito mais barato).
Para Lisboa, a fase de crescimento que o país vive é a mais duradoura em dez anos, desde o início do Real. "O ciclo atual é o mais
forte e mais longo desde 1995",
disse durante seminário promovido pelo jornal "O Globo" e pela
FGV (Fundação Getúlio Vargas),
no Rio de Janeiro.
Prova disso, afirmou, é que o investimento está crescendo "o dobro" do PIB, que deve fechar o
ano na casa de 4%. Tal situação,
segundo ele, também evita que
haja um desequilíbrio entre demanda e oferta de produtos, um
dos temores recorrentes quando
o país inicia uma fase de expansão. Isso porque estão sendo feitos investimentos para ampliar a
produção.
Lisboa elogiou ainda a atuação
do Banco Central, criticado nesta
semana por elevar os juros acima
do esperado: "O Banco Central
tem de fazer os ajustes que achar
necessários".
Indagado sobre reportagem publicada ontem pela Folha, que informa que Lisboa seria contrário
ao aumento de 0,5 ponto, ele disse
que não tem relação com as decisões do Copom, mas que está satisfeito com elas.
"Acho curiosas essas matérias.
Não faço parte do Copom [composto só pela diretoria do Banco
Central]. O Banco Central é responsável por isso. Só acompanho
as decisões do Banco Central e estou muito satisfeito com o que
eles [os diretores] fizeram nos últimos tempos. São parte fundamental da retomada forte que a
economia brasileira tem vivido."
Segundo ele, a "condução equivocada" da política monetária, ao
possibilitar pressões inflacionárias, pode fazer os juros de mercado subirem, ainda que a taxa Selic
se mantenha estável.
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