São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Medida facilita socorro do governo a construtoras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Caixa Econômica Federal já tem R$ 2,5 bilhões para compra de participação acionária em empresas do setor imobiliário em dificuldade financeira para fazer novos projetos de habitação. A diretoria da Caixa informou que vai usar o dinheiro para comprar apenas participações em empresas do setor de construção civil por meio do seu novo banco de investimentos, embora a MP publicada ontem permita à instituição adquirir ações de qualquer setor.
Até o ano passado, as construtoras usaram o mercado de ações para se capitalizar.
A queda da Bovespa e a desvalorização do setor imobiliário na Bolsa fecharam essa possibilidade e pode colocar em dificuldades empresas que ainda precisam de dinheiro para concluir obras já iniciadas. A Inpar, por exemplo, lançou ações em fevereiro do ano passado a R$ 17,5, mas na semana passada, o papel da empresa estava cotado a R$ 1,43 na Bolsa.
O banco de investimento será uma subsidiária da Caixa e controlará o que o ministro Guido Mantega (Fazenda) chamou de CaixaPar (Caixa Participações). Com esse novo braço, que será criado em cerca de 30 dias, o banco também poderá atuar em outros mercados de que hoje a Caixa não participa.
Pela MP, o novo braço da Caixa poderá "explorar atividades de banco de investimento", como, por exemplo, câmbio e derivativos, esse último na Bolsa Mercantil & Futuros.
O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, disse que o banco não tem interesse de adquirir outras instituições financeiras, como autorizou o governo ontem. Segundo ele, a Caixa tampouco pensa em fazer aquisições nos outros ramos financeiros, como companhias de seguro, previdência privada e capitalização.
O executivo assegurou que a Caixa não vai usar a CaixaPar para comprar participação acionária em empresas de outros setores que não seja o imobiliário. "As áreas prioritárias da Caixa são construção e saneamento. A MP cria segurança de que os investimentos não vão parar", afirmou Percival.
Ao explicar a MP, Mantega disse que a CaixaPar foi criada para ajudar o setor de habitação. O ministro acrescentou que os bancos públicos não precisarão de uma capitalização do governo porque têm liquidez suficiente para arcar com as novas aquisições.
Percival reafirmou que a Caixa tem recursos para ajudar as empresas de construção civil. "O balanço da Caixa foi arrumado. Não vamos fazer da Caixa um outro BNH [Banco Nacional de Habitação]", disse.
Extinto em 1986 sob acusações de corrupção e problemas de solvência, o BNH foi criado no primeiro ano da ditadura militar para fazer operações de crédito imobiliário e gerir o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Percival apontou que a Caixa não foi procurada por nenhum banco que tivesse a intenção de ser comprado. Para ele, o banco estatal já está fazendo a sua parte com a compra de carteiras de crédito de instituições com problemas pontuais de caixa. "Tem bancos pequenos com problema de liquidez. Para isso já compramos algumas carteiras e avaliamos a compra de outras. A compra de bancos não existe", afirmou Percival.
(SHEILA D'AMORIM E JULIANA ROCHA)


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