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Medida facilita socorro do governo a construtoras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Caixa Econômica Federal
já tem R$ 2,5 bilhões para compra de participação acionária
em empresas do setor imobiliário em dificuldade financeira
para fazer novos projetos de
habitação. A diretoria da Caixa
informou que vai usar o dinheiro para comprar apenas participações em empresas do setor
de construção civil por meio do
seu novo banco de investimentos, embora a MP publicada ontem permita à instituição adquirir ações de qualquer setor.
Até o ano passado, as construtoras usaram o mercado de
ações para se capitalizar.
A queda da Bovespa e a desvalorização do setor imobiliário na Bolsa fecharam essa possibilidade e pode colocar em dificuldades empresas que ainda
precisam de dinheiro para concluir obras já iniciadas. A Inpar,
por exemplo, lançou ações em
fevereiro do ano passado a R$
17,5, mas na semana passada, o
papel da empresa estava cotado
a R$ 1,43 na Bolsa.
O banco de investimento será uma subsidiária da Caixa e
controlará o que o ministro
Guido Mantega (Fazenda) chamou de CaixaPar (Caixa Participações). Com esse novo braço, que será criado em cerca de
30 dias, o banco também poderá atuar em outros mercados de
que hoje a Caixa não participa.
Pela MP, o novo braço da
Caixa poderá "explorar atividades de banco de investimento",
como, por exemplo, câmbio e
derivativos, esse último na Bolsa Mercantil & Futuros.
O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival,
disse que o banco não tem interesse de adquirir outras instituições financeiras, como autorizou o governo ontem. Segundo ele, a Caixa tampouco pensa
em fazer aquisições nos outros
ramos financeiros, como companhias de seguro, previdência
privada e capitalização.
O executivo assegurou que a
Caixa não vai usar a CaixaPar
para comprar participação
acionária em empresas de outros setores que não seja o imobiliário. "As áreas prioritárias
da Caixa são construção e saneamento. A MP cria segurança de que os investimentos não
vão parar", afirmou Percival.
Ao explicar a MP, Mantega
disse que a CaixaPar foi criada
para ajudar o setor de habitação. O ministro acrescentou
que os bancos públicos não precisarão de uma capitalização do
governo porque têm liquidez
suficiente para arcar com as
novas aquisições.
Percival reafirmou que a Caixa tem recursos para ajudar as
empresas de construção civil.
"O balanço da Caixa foi arrumado. Não vamos fazer da Caixa um outro BNH [Banco Nacional de Habitação]", disse.
Extinto em 1986 sob acusações de corrupção e problemas
de solvência, o BNH foi criado
no primeiro ano da ditadura
militar para fazer operações de
crédito imobiliário e gerir o
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
Percival apontou que a Caixa
não foi procurada por nenhum
banco que tivesse a intenção de
ser comprado. Para ele, o banco
estatal já está fazendo a sua
parte com a compra de carteiras de crédito de instituições
com problemas pontuais de
caixa. "Tem bancos pequenos
com problema de liquidez. Para
isso já compramos algumas
carteiras e avaliamos a compra
de outras. A compra de bancos
não existe", afirmou Percival.
(SHEILA D'AMORIM E JULIANA ROCHA)
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