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Banco Central pode emprestar dólares do Fed
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central negocia tomar empréstimos em dólar diretamente do Fed (o BC dos Estados Unidos) para usar em
suas intervenções no mercado
brasileiro e evitar, com isso,
uma redução nas reservas internacionais do país, segundo a
Folha apurou.
Um dos artigos da MP editada ontem pelo governo permite
que o BC faça operações de troca de moedas ("swaps") com
autoridades monetárias de outros países. Na prática, isso significa que o Brasil entregará
reais ao Fed e, em troca, terá
dólares na mão para vender aos
bancos e exportadores nacionais. A garantia nessas operações devem ser os títulos do governo americano que o BC tem
em mãos.
Desde o agravamento da crise em setembro, o governo brasileiro vendeu US$ 8,5 bilhões
no mercado. Com o empréstimo direto do Fed, parte dos dólares vendidos nessas intervenções não será deduzido das reservas, que somam um total de
US$ 201,483 bilhões.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, não detalhou como será feito o empréstimo,
nem o valor das operações. Segundo ele, trata-se de mais uma
"medida preventiva".
"Não existe essa necessidade
no momento. É meramente um
processo de antecipação de
possíveis necessidades futuras,
baseado no que estamos olhando na experiência internacional", afirmou Meirelles.
A Folha apurou, no entanto,
que o governo brasileiro já teve
conversas preliminares com o
Fed. Não foram negociados os
termos exatos do convênio entre os dois países, mas a sinalização do Fed foi positiva.
Outros países emergentes
estão buscando acesso a essa linha de financiamento, mas não
há disposição do governo dos
Estados Unidos para operar esses empréstimos sem mediação do FMI (Fundo Monetário
Internacional).
Esse tipo de operação já vem
sendo feito pelo Fed com o
Banco da Inglaterra, Banco
Central Europeu, Banco do Japão, entre outros. É uma linha
tradicional do BC americano,
que ganhou relevância com a
crise internacional. Foi esse o
mecanismo usado na ação
coordenada entre os BCs dos
países desenvolvidos para tentar contornar os problemas de
liquidez no mercado mundial.
O valor dessas operações aumentou à medida que a crise
piorou. No final de setembro,
os bancos centrais conveniados
ao Fed podiam fazer "swaps"
de moeda local por dólar até o
limite de US$ 620 bilhões. No
início de outubro, os limites foram eliminados, o que quer dizer que esses países podem tomar emprestado a quantidade
de dólar que considerarem necessárias para abastecer seus
mercados.
A justificativa do Fed para
essas operações é que o aumento da demanda por dólares
fora dos Estados Unidos fez
com que as taxas de juros se
elevassem. "O aumento no valor autorizado para os "swaps"
em moeda estrangeira permitirá aos bancos centrais aumentar a oferta de dólar que eles
podem oferecer em seus mercados. Isso pode ajudar a melhorar a liquidez em dólar no
planeta", justificou o Fed em
comunicado em sua página na
internet.
Colaborou SHEILA D'AMORIM,
da Sucursal de Brasília
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