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Crédito a pessoa física encarece novamente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de mostrar sinais de retração em alguns segmentos
específicos, o crédito disponível no Brasil está cada vez mais
caro. Segundo levantamento do
Banco Central, de agosto a setembro, a taxa média cobrada
nos empréstimos bancários
passou de 40,1% ao ano para
40,4%, a mais alta desde novembro de 2006.
Foi o quinto mês seguido de
alta dos juros, que se concentrou nas operações com pessoas físicas. Nesse segmento, a
taxa média praticada pelos
bancos foi de 52,1% ao ano para
53,1%. Entre as empresas, o
custo dos financiamentos ficou
estável em 28,3%. O movimento de alta dos juros bancários
coincide com a alta da Selic, que
começou a subir em em abril e
hoje está em 13,75% ao ano.
Mesmo com juros mais altos
e crise nos mercados financeiros, porém, os números do BC
mostram que o crédito se mantém em expansão no país. No
mês passado, o total de empréstimos disponibilizado pelo sistema financeiro foi a R$ 1,149
trilhão, valor que corresponde
a 39,1% do PIB (Produto Interno Bruto), nível mais alto já registrado pela série estatística
do BC, que começa em 1994.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que parte do crescimento no saldo de financiamentos é explicada pela alta do
dólar, que corrige parte dos empréstimos contraídos por empresas. No mês passado, a alta
da moeda dos EUA foi de 17%, o
que fez com que o total de empréstimos em dólar liberados
pelos bancos aumentasse 12%.
Se desconsiderado o efeito do
câmbio, a alta no volume de
crédito teria sido de 2,2% em
setembro, em vez dos 3,5% efetivamente apurados. Ainda assim, Lopes diz que o resultado é
bom, mas que os efeitos da crise
sobre a oferta de financiamentos só devem ser sentidos nos
dados deste mês. "Eu diria que
já há uma acomodação, especialmente [no crédito] a pessoas físicas. Em outubro reside
o maior impacto da crise." Nos
primeiros oito dias úteis deste
mês, segundo o BC, a concessão
de empréstimos sofreu redução de 13% ante os números do
início de setembro. Os dados do
BC mostram ainda que houve
alta de 2% nos empréstimos
por meio de cheque especial e
1,7% nas compras com cartão
de crédito em setembro.
Para Marcelo Moura, professor do Ibmec SP, a crise pode
afetar a oferta de crédito no
curto prazo, mas não deve reverter a tendência de expansão
dos empréstimos observada de
uns anos para cá. "O mercado
[de crédito] brasileiro não deixou de ser atrativo. Emprestar
com taxa de juros como as observadas hoje continua sendo
atrativo." Para Moura, o crédito
deve continuar em alta porque
a economia brasileira continua
crescendo mesmo com a crise,
embora a expansão possa acontecer a taxas mais modestas.
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