São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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Cenário otimista não amplia renda do trabalhador, dizem economistas

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A manutenção das atuais diretrizes macroeconômicas do país, incluindo o câmbio flutuante e os apertos nas políticas fiscal e monetária, são considerados por um grupo de economistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) como fatores essenciais para que o Brasil possa retomar o crescimento, a curto ou a médio prazos.
Embora considere que correções de rumo são bem-vindas, o economista Antonio Barros de Castro, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), disse ser "um absurdo fazer correções de rumo no meio da tempestade".
Ontem à tarde, Barros de Castro, João Carlos Ferraz, diretor-geral do Instituto de Economia Industrial da UFRJ, e Francisco Eduardo Pires de Souza apresentaram, em seminário para executivos da Previ (fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil), os cenários que consideram mais prováveis de ocorrer no país nos próximos anos.
Eles apresentaram um cenário otimista e outro não de todo pessimista. Segundo os economistas, a não concretização de nenhum dos dois levaria a uma situação de ruptura, hipótese que não foi detalhada. Em qualquer das hipóteses, os economistas avaliam que não se deve esperar aumento da renda dos trabalhadores nos próximos anos.

Mais possível
De acordo com Pires de Souza, que fez a apresentação dos cenários, o ponto vital para a retomada do crescimento é a volta dos capitais externos de longo prazo. No primeiro cenário, o atual ambiente de relativa calma -exceto na taxa de inflação- evoluirá para melhor.
O dólar seguirá baixando, atingindo R$ 3,20 no segundo semestre do próximo ano; a inflação será controlada, ficando em 8% em 2003; a recuperação da confiança abrirá espaço para a queda dos juros e a retomada do crescimento; o risco país desce a 700 pontos básicos (7% acima dos juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos); o capital de longo prazo retorna e a economia cresce 2,4% em 2003 e 4,5% em 2004.
Para Ferraz, "dependendo dos atos do governo que está assumindo, é o cenário mais possível". Ele avalia que até agora, durante a transição, o futuro governo vem agindo de maneira adequada.
"É um cenário otimista, mas não é irrealista. Pode ser alcançado desde que as situações interna e externa permitam o retorno dos financiamentos de longo prazo", disse Pires de Souza.
No segundo cenário, que eles batizaram de "estresse com retomada", o câmbio continuaria pressionado e as reservas cambiais do país permaneceriam em queda, gerando a necessidade de o país buscar um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e também uma reestruturação da dívida externa do setor privado. A economia cresceria ainda 0,5% em 2003 e cairia 1% em 2004, anos de ajuste, retomando o crescimento depois.


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