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Cenário otimista não amplia renda
do trabalhador, dizem economistas
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A manutenção das atuais diretrizes macroeconômicas do país,
incluindo o câmbio flutuante e os
apertos nas políticas fiscal e monetária, são considerados por um
grupo de economistas da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro) como fatores essenciais
para que o Brasil possa retomar o
crescimento, a curto ou a médio
prazos.
Embora considere que correções de rumo são bem-vindas, o
economista Antonio Barros de
Castro, ex-presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), disse
ser "um absurdo fazer correções
de rumo no meio da tempestade".
Ontem à tarde, Barros de Castro, João Carlos Ferraz, diretor-geral do Instituto de Economia
Industrial da UFRJ, e Francisco
Eduardo Pires de Souza apresentaram, em seminário para executivos da Previ (fundo de pensão
dos empregados do Banco do
Brasil), os cenários que consideram mais prováveis de ocorrer no
país nos próximos anos.
Eles apresentaram um cenário
otimista e outro não de todo pessimista. Segundo os economistas,
a não concretização de nenhum
dos dois levaria a uma situação de
ruptura, hipótese que não foi detalhada. Em qualquer das hipóteses, os economistas avaliam que
não se deve esperar aumento da
renda dos trabalhadores nos próximos anos.
Mais possível
De acordo com Pires de Souza,
que fez a apresentação dos cenários, o ponto vital para a retomada
do crescimento é a volta dos capitais externos de longo prazo. No
primeiro cenário, o atual ambiente de relativa calma -exceto na
taxa de inflação- evoluirá para
melhor.
O dólar seguirá baixando, atingindo R$ 3,20 no segundo semestre do próximo ano; a inflação será controlada, ficando em 8% em
2003; a recuperação da confiança
abrirá espaço para a queda dos juros e a retomada do crescimento;
o risco país desce a 700 pontos básicos (7% acima dos juros dos títulos do Tesouro dos Estados
Unidos); o capital de longo prazo
retorna e a economia cresce 2,4%
em 2003 e 4,5% em 2004.
Para Ferraz, "dependendo dos
atos do governo que está assumindo, é o cenário mais possível".
Ele avalia que até agora, durante a
transição, o futuro governo vem
agindo de maneira adequada.
"É um cenário otimista, mas
não é irrealista. Pode ser alcançado desde que as situações interna
e externa permitam o retorno dos
financiamentos de longo prazo",
disse Pires de Souza.
No segundo cenário, que eles
batizaram de "estresse com retomada", o câmbio continuaria
pressionado e as reservas cambiais do país permaneceriam em
queda, gerando a necessidade de
o país buscar um novo acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e também uma reestruturação da dívida externa do
setor privado. A economia cresceria ainda 0,5% em 2003 e cairia 1%
em 2004, anos de ajuste, retomando o crescimento depois.
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