São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 2005

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TURBULÊNCIA

Ata do Fed e depoimento do ministro aliviam tensão no final do dia

Leilão do BC e efeito Palocci voltam a pressionar o dólar

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os leilões cambiais realizados pelo Banco Central e as especulações sobre a permanência ou não do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) no governo fizeram o dólar chegar a ser vendido a R$ 2,268 na manhã de ontem. Nas últimas horas de negociação, a moeda norte-americana perdeu força, mas fechou com expressiva alta de 1,08%, a R$ 2,247.
O mercado abriu ontem com a suposição de que Palocci já teria pedido demissão.
Mesmo com um dia mais tenso, o Banco Central realizou a venda de contratos de "swap cambial reverso". Foi a segunda vez em que o BC leiloou esses títulos -que têm o efeito de compras de dólares no mercado futuro- desde a semana passada. A venda desses papéis representa aumento da demanda por dólares -e, conseqüentemente, eleva as chances de a moeda americana subir. Nesse cenário, o dólar bateu na máxima e subiu 2,02%. A Bovespa caía 2,05% na primeira hora de pregão. "Não tivemos movimento de pânico, mas hoje [ontem] sentimos um aumento da tensão [em relação ao Palocci]. Nesse cenário, o Banco Central entrou para fazer seu leilão, o que reforçou a tendência de alta do dólar", disse o economista Roberto Padovani, da Tendências.
Ontem, o BC vendeu US$ 502 milhões em "swap cambial reverso". Na sexta-feira, havia vendido outros pouco mais de US$ 400 milhões desses títulos.
Ao negociar um contrato de "swap" (troca), o comprador e o vendedor se comprometem a pagar um ao outro a variação de uma taxa ou de um ativo. Quando o BC vende "swap cambial" normal, ele paga a variação do câmbio e recebe juros. No "swap cambial reverso", o BC recebe a variação de câmbio e paga juros.
A autoridade monetária também fez leilão para comprar dólares das instituições financeiras.
"A performance do Palocci aliviou um pouco o mercado", diz Adauto Lima, economista do banco WestLB. Palocci deu depoimento, na tarde de ontem, à Comissão de Fiscalização e Tributação da Câmara.

Alívio
Além do depoimento do ministro da Fazenda, a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve ajudou a melhorar o mercado. O documento foi interpretado por operadores do mercado como um sinal de que o banco central dos EUA pode estar próximo de encerrar o aperto monetário no país. Se os juros norte-americanos pararem de subir, os emergentes tendem a ser beneficiados, pois seus títulos ficam mais atraentes. Após a ata, a Bovespa virou. Após registrar perdas de 2%, a Bolsa fechou perto da máxima, com alta de 1,22%.

Juros menores
Hoje o BC anuncia fica a nova taxa básica (Selic). A opinião majoritária entre analistas é a de que será reduzida de 19% para 18,50% anuais. O pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros foi agitado. O número de contratos DI -que mostram as projeções para o juro- negociados saltou 170%, para mais de 1 milhão de papéis. No DI que vence no fim do mês, a taxa caiu de 18,57% para 18,53%.


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