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TURBULÊNCIA
Ata do Fed e depoimento do ministro aliviam tensão no final do dia
Leilão do BC e efeito Palocci voltam a pressionar o dólar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os leilões cambiais realizados
pelo Banco Central e as especulações sobre a permanência ou não
do ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) no governo fizeram o
dólar chegar a ser vendido a R$
2,268 na manhã de ontem. Nas últimas horas de negociação, a
moeda norte-americana perdeu
força, mas fechou com expressiva
alta de 1,08%, a R$ 2,247.
O mercado abriu ontem com a
suposição de que Palocci já teria
pedido demissão.
Mesmo com um dia mais tenso,
o Banco Central realizou a venda
de contratos de "swap cambial reverso". Foi a segunda vez em que
o BC leiloou esses títulos -que
têm o efeito de compras de dólares no mercado futuro- desde a
semana passada. A venda desses
papéis representa aumento da demanda por dólares -e, conseqüentemente, eleva as chances de
a moeda americana subir. Nesse
cenário, o dólar bateu na máxima
e subiu 2,02%. A Bovespa caía
2,05% na primeira hora de pregão. "Não tivemos movimento de
pânico, mas hoje [ontem] sentimos um aumento da tensão [em
relação ao Palocci]. Nesse cenário,
o Banco Central entrou para fazer
seu leilão, o que reforçou a tendência de alta do dólar", disse o
economista Roberto Padovani, da
Tendências.
Ontem, o BC vendeu US$ 502
milhões em "swap cambial reverso". Na sexta-feira, havia vendido
outros pouco mais de US$ 400
milhões desses títulos.
Ao negociar um contrato de
"swap" (troca), o comprador e o
vendedor se comprometem a pagar um ao outro a variação de
uma taxa ou de um ativo. Quando
o BC vende "swap cambial" normal, ele paga a variação do câmbio e recebe juros. No "swap cambial reverso", o BC recebe a variação de câmbio e paga juros.
A autoridade monetária também fez leilão para comprar dólares das instituições financeiras.
"A performance do Palocci aliviou um pouco o mercado", diz
Adauto Lima, economista do
banco WestLB. Palocci deu depoimento, na tarde de ontem, à
Comissão de Fiscalização e Tributação da Câmara.
Alívio
Além do depoimento do ministro da Fazenda, a divulgação da
ata da última reunião do Federal
Reserve ajudou a melhorar o mercado. O documento foi interpretado por operadores do mercado
como um sinal de que o banco
central dos EUA pode estar próximo de encerrar o aperto monetário no país. Se os juros norte-americanos pararem de subir, os
emergentes tendem a ser beneficiados, pois seus títulos ficam
mais atraentes. Após a ata, a Bovespa virou. Após registrar perdas
de 2%, a Bolsa fechou perto da
máxima, com alta de 1,22%.
Juros menores
Hoje o BC anuncia fica a nova
taxa básica (Selic). A opinião majoritária entre analistas é a de que
será reduzida de 19% para 18,50%
anuais. O pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros foi agitado. O
número de contratos DI -que
mostram as projeções para o juro- negociados saltou 170%, para mais de 1 milhão de papéis. No
DI que vence no fim do mês, a taxa caiu de 18,57% para 18,53%.
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