São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Brasil não está imune à crise, diz Meirelles

Presidente do BC afirma a executivos que crescimento depende mais de fatores internos e deve seguir sólido em 2008

A uma platéia de mais de cem executivos financeiros, Meirelles fez novo alerta sobre risco de euforia no mercado de ações

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o país não está imune à crise internacional em caso de recessão nos EUA, apesar de estar menos vulnerável às turbulências externas.
"Não há país imune a uma grande crise internacional. Se os EUA entrarem em recessão, [a crise] vai atingir todos os países. Temos segurança de que seremos atingidos de forma muito mais suave", disse.
Para Meirelles, a crise pegaria o país a partir da redução da demanda por produtos brasileiros, especialmente dos EUA, além de uma queda geral no preço das commodities. O presidente do BC também vislumbra um aumento no custo de financiamento das empresas e do governo com o crescimento da aversão geral ao risco.
"Eu dizia no passado que, quando a economia americana pegava uma gripe, nós pegávamos uma pneumonia -às vezes corríamos o risco de uma tuberculose. Na época, tinha como objetivo chegar ao momento em que a economia americana pegasse uma gripe forte e nós pegássemos um resfriado. Estamos próximo disso", disse.
Pela terceira vez no ano, Meirelles voltou a afirmar sua preocupação com o que chama de exuberância no preço das ações brasileiras, em meio ao bom momento da economia.
"Todas as experiências de expansão prolongada das economias de qualquer país trazem consigo o risco de exageros, de exuberância e de euforias. Temos risco sim de que possa haver exagero de precificação de alguns ativos. E exageros de precificação levam depois a alguns exageros de correção. No momento em que tudo está indo muito bem -e tudo indica que vai continuar bem- é importante termos cuidado para não correr o risco do exagero da euforia", disse. A afirmação foi feita a uma platéia de mais de cem executivos financeiros.
Meirelles afirmou que espera a continuidade sólida do crescimento para 2008. "O crescimento da economia é impulsionado pelo consumo das famílias e pelo investimento, que não dão sinais de enfraquecimento. Muito pelo contrário, dão sinais de que no ano que vem teremos um crescimento muito forte", disse.
O presidente do BC fez mais uma vez sua defesa do alto nível de reservas internacionais -anteontem em US$ 176,189 bilhões. Comparou as reservas a um seguro que hoje permite enfrentar as turbulências com relativa tranqüilidade. "Como a maior parte da dívida externa é em dólar, é normal que boa parte das reservas seja em dólar. A situação é diferente daqueles países que não têm dívida e que podem procurar mais retorno."


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