|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil não está imune à crise, diz Meirelles
Presidente do BC afirma a executivos que crescimento depende mais de fatores internos e deve seguir sólido em 2008
A uma platéia de mais de cem executivos financeiros, Meirelles fez novo alerta sobre risco de euforia
no mercado de ações
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem que o país não está imune à crise internacional em caso de recessão nos EUA, apesar
de estar menos vulnerável às
turbulências externas.
"Não há país imune a uma
grande crise internacional. Se
os EUA entrarem em recessão,
[a crise] vai atingir todos os países. Temos segurança de que
seremos atingidos de forma
muito mais suave", disse.
Para Meirelles, a crise pegaria o país a partir da redução da
demanda por produtos brasileiros, especialmente dos EUA,
além de uma queda geral no
preço das commodities. O presidente do BC também vislumbra um aumento no custo de financiamento das empresas e
do governo com o crescimento
da aversão geral ao risco.
"Eu dizia no passado que,
quando a economia americana
pegava uma gripe, nós pegávamos uma pneumonia -às vezes
corríamos o risco de uma tuberculose. Na época, tinha como objetivo chegar ao momento em que a economia americana pegasse uma gripe forte e
nós pegássemos um resfriado.
Estamos próximo disso", disse.
Pela terceira vez no ano, Meirelles voltou a afirmar sua
preocupação com o que chama
de exuberância no preço das
ações brasileiras, em meio ao
bom momento da economia.
"Todas as experiências de expansão prolongada das economias de qualquer país trazem
consigo o risco de exageros, de
exuberância e de euforias. Temos risco sim de que possa haver exagero de precificação de
alguns ativos. E exageros de
precificação levam depois a alguns exageros de correção. No
momento em que tudo está indo muito bem -e tudo indica
que vai continuar bem- é importante termos cuidado para
não correr o risco do exagero da
euforia", disse. A afirmação foi
feita a uma platéia de mais de
cem executivos financeiros.
Meirelles afirmou que espera
a continuidade sólida do crescimento para 2008. "O crescimento da economia é impulsionado pelo consumo das famílias e pelo investimento, que
não dão sinais de enfraquecimento. Muito pelo contrário,
dão sinais de que no ano que
vem teremos um crescimento
muito forte", disse.
O presidente do BC fez mais
uma vez sua defesa do alto nível
de reservas internacionais
-anteontem em US$ 176,189
bilhões. Comparou as reservas
a um seguro que hoje permite
enfrentar as turbulências com
relativa tranqüilidade. "Como a
maior parte da dívida externa é
em dólar, é normal que boa parte das reservas seja em dólar. A
situação é diferente daqueles
países que não têm dívida e que
podem procurar mais retorno."
Texto Anterior: Fundo do FGTS pode ser usado pelo BNDES Próximo Texto: Falta de negócio nos EUA esfria pregões; Bovespa sobe 0,12% Índice
|