São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Conversor de TV importado não reduz preço, diz indústria

País tem sistema tecnológico próprio para a TV digital e com especificidades que não existem em outros países

Lula ameaçou estimular importação de aparelho para forçar redução de preços; Comunicações convocará fabricantes para reunião

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A ameaça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estimular a importação de conversores de TV digital, para forçar a redução dos preços ao consumidor, é inócua, na avaliação da indústria. O Brasil escolheu um sistema tecnológico próprio, com especificidades que não existem em outros países.
A partir do padrão japonês de TV digital, selecionado pelo governo, o Brasil criou especificações técnicas exclusivas. Os equipamentos de outros países não funcionam no Brasil, a menos que sofram adaptações.
Enquanto o Japão usa o sistema de compressão de sinais Mpeg-2, o Brasil adotou uma versão mais recente, o Mpeg-4, considerado mais apropriado para cidades com alta densidade de prédios. Outra diferença está na adoção do software ginga, que permitirá a interatividade, desenvolvido por PUC-RJ e UFPB. Os conversores estão chegando ao mercado entre R$ 499 (resolução standard) e R$ 1.099 (alta definição). O governo criou a expectativa de que ficariam na faixa de R$ 250.
O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Martins, disse à Folha que convocará os fabricantes, na próxima semana, para avaliar uma possível redução de preços antes da inauguração da TV digital, que ocorre no dia 2, em São Paulo.
Martins defende que, se for aprovado incentivo fiscal, deve ser direcionado para reduzir o custo da produção local, e não para baratear a importação.
Os grandes fabricantes ouvidos pela Folha sustentam que os preços cairão rapidamente, à proporção do aumento da demanda. Segundo as empresas, o governo ficou a par da faixa de preço de lançamento há cinco meses, quando a Eletros (entidade de classe do setor) apresentou às autoridades uma planilha com o detalhamento dos custos, e que poderia ter reduzido impostos e não o fez.
Segundo a Folha apurou no ministério, a planilha foi recebida com desconfiança. A dúvida é se indústrias concorrentes teriam fornecido informações corretas à entidade de classe.
A informação, publicada ontem pela Folha, de que o presidente orientou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, a tomar medidas para facilitar a importação, causou desconforto. ""É uma ameaça vazia. Importar custa mais caro do que produzir no Brasil", disse o diretor de Relações Externas da Philips, Manoel Corrêa.
O empresário Jakson Sosa, que produzirá os conversores em parceria com indianos e chineses, qualificou a ameaça de ""sem fundamento". ""Por mais barato que os chineses possam produzir, o custo dos materiais não fica abaixo de US$ 85 no exterior, e só os encargos da importação elevam o preço em mais 70%"", afirmou.
Semp Toshiba e Philips, importaram conversores da China para garantir a oferta, mas dizem que reduziriam o preço de R$ 1.099 para cerca de R$ 700 se fabricassem na Zona Franca de Manaus.


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