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Mudança atingiu sonegador, diz governo
Secretário da Fazenda paulista afirma que R$ 2 bi extras com ICMS é resultado da sonegação; varejo diz que o governo exagera
Apesar das reclamações
de empresários, governo Serra estenderá regime de substituição tributária para mais setores da economia
SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE DINHEIRO
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado de São
Paulo arrecadou, neste ano,
R$ 2,03 bilhões com a cobrança
antecipada do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em 13 setores.
O valor foi recolhido de março a setembro deste ano, quando começou a vigorar no Estado de São Paulo, para alguns setores, o regime de cobrança antecipada de ICMS, conhecido
como substituição tributária.
Os R$ 2,03 bilhões que entraram no caixa do governo paulista eram sonegados no Estado,
segundo Mauro Ricardo Costa,
secretário estadual da Fazenda
de São Paulo. Ele estima que a
sonegação no varejo paulista é
da ordem de 60% -portanto, o
governo arrecada 40% do que
deveria arrecadar desse setor.
A arrecadação tributária total do Estado deve chegar a R$
89 bilhões neste ano -a maior
parte é referente ao ICMS.
Os setores que passaram a recolher ICMS no início da cadeia
produtiva (indústria ou atacadista) são: bebidas alcoólicas,
medicamentos, perfumaria, higiene pessoal, alimentos, ração
animal, limpeza, produtos fonográficos, materiais de construção, autopeças, pilhas e baterias, lâmpadas e papel.
A previsão da secretaria era
elevar em R$ 560 milhões a arrecadação do ICMS em 2008
nesses setores com o recolhimento antecipado do imposto.
Mas o número ultrapassou R$
2 bilhões em menos de um ano.
"Os números até agora mostram que a implementação da
substituição tributária foi uma
medida acertada do governo no
combate à sonegação e atingiu
seu objetivo. Atacou aqueles
contribuintes que não pagavam
adequadamente seus tributos.
Infelizmente, a sonegação persiste, especialmente no varejo,
o que resulta em sonegação em
cadeia, pois, se o varejo não
emite nota, também não quer
nota contra ele, de atacadistas e
ou de indústrias", diz.
A expectativa para 2009 é
elevar ainda mais a arrecadação do ICMS (o valor ainda não
foi estimado), uma vez que o
governo quer estender a cobrança antecipada para mais
setores: eletroeletrônico, materiais elétricos, máquinas, artefatos de uso doméstico, artigos de papelaria, produtos óticos, bicicletas, brinquedos e
instrumentos musicais.
A ampliação do regime de
substituição tributária está
prevista no projeto de lei nº 677
enviado pelo governo à Assembléia Legislativa no final de setembro. Para que esses novos
setores passem a recolher
ICMS de forma antecipada, o
projeto tem de ser aprovado
por 48 votos de um total de 94.
"Estamos determinados a
ampliar a arrecadação de impostos com medidas que melhorem a eficiência da administração tributária sem criar tributos nem aumentar as alíquotas dos já existentes", afirma.
Ao cobrar o imposto no início
da cadeia produtiva, diz ele, "o
governo dá condições de igualdade a todos os comerciantes e
evita a concorrência desleal entre contribuintes que pagam
corretamente seus tributos e os
que não pagam".
O secretário da Fazenda diz
que a elevação da arrecadação
do ICMS ocorreu em todos os
setores que passaram a recolher o imposto pelo regime de
substituição tributária. Quem
vende ao Estado de São Paulo,
como um atacadista de Minas
Gerais ou do Paraná, por exemplo, também tem de recolher
antecipadamente o imposto
para não provocar concorrência desleal em São Paulo.
"Notamos que a arrecadação
também cresceu significativamente no caso de produtos fabricados em outros Estados e
que são destinados ao Estado
de São Paulo, pois aquelas empresas também têm de recolher
o imposto antecipadamente."
Descontos "engessados"
Empresários de vários setores criticam o sistema de cobrança antecipada do imposto.
Para eles, quem faz promoção
no ponto-de-venda paga proporcionalmente mais imposto
do que quem não faz, o que engessaria políticas de descontos.
"Essas críticas não têm fundamento. Não estamos aumentando a carga tributária de nenhum setor, mas somente daqueles que sonegam, o que é
justo para que as empresas não
atuem de forma desigual. Os
empresários honestos, como a
maioria deles, aprovaram o sistema de cobrança antecipada
de impostos", diz o secretário.
O regime de substituição tributária, segundo ele, leva em
conta pesquisas de preços de
produtos feitas pelos próprios
empresários. "A Fazenda acata
essas pesquisas para cobrar o
imposto. Se os preços mudaram, os setores podem trazer
novas pesquisas. Mas não
adianta só falar, tem de comprovar que os preços são inferiores com dados de institutos
idôneos", diz Costa.
A legislação estabelece a devolução do ICMS para quem
pagou antecipadamente mais
do que devia. Mas o projeto de
lei inclui a hipótese de não-devolução do ICMS quando os
preços são pesquisados pelas
empresas. "Se são elas mesmas
que informam os preços de
seus produtos, não há motivo
para devolver. Em outras hipóteses, é feita a devolução."
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