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FINANÇAS
Baixa liquidez amplia volatilidade do mercado; para analista, Bovespa deve virar o ano entre 11 mil e 12,5 mil pontos
Natal esvazia Bolsa; política influencia dólar
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas das ações mais penalizadas por incertezas quanto ao
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva foram as que mais subiram
na semana passada.
Nos próximos dias, a volatilidade poderá crescer. Em razão do
Natal, a liquidez deverá ser pequena. Para uma parcela do mercado, o humor deve se manter de
neutro para levemente positivo
na Bolsa paulista.
"Ninguém fará grandes apostas
com o feriado. Poderá haver oscilações, mas não com grande volume", diz Pedro Martins, estrategista para renda variável do JP
Morgan. "Entre 11 mil e 12,5 mil
pontos seria um valor justo para
Bolsa na virada do ano." A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou na sexta-feira passada
em 11.489 pontos.
De olho na ata
O IGP-M de dezembro e a ata da
última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que
saem na próxima quinta-feira,
são os destaques nacionais da semana. Como diretores do Banco
Central demonstraram interesse
em permanecer em seus cargos
no próximo governo, a ata cresce
em interesse.
A possível indicação dos nomes
de presidentes e altos executivos
de bancos controlados pelo governo federal poderá, dependendo dos nomes, ter alguma repercussão no mercado.
Na semana que passou, a Bolsa
devolveu um pouco da euforia
que vinha tendo por causa da notícia da ausência do PMDB no ministério do governo eleito.
Ainda assim, a Bovespa encerrou o pregão de sexta-feira em alta de 2,52%, com ganho de 8,7%
na semana. No ano, segue negativa (recuo de 15,3%).
Dólar
O mercado de câmbio mostrou-se mais sensível e, depois de
cinco dias de queda, o dólar fechou cotado a R$ 3,49.
"Essa reação mostra maior percepção do risco", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do
Lloyds TSB. "Foi um movimento
de "zeração" em função da péssima notícia política. O mercado
aproveitou para pôr um pouco de
lucro no bolso."
As oscilações podem ser maiores nos próximos dias, que devem
ser de poucos negócios.
"O dólar bateu em R$ 3,41, fechou a R$ 3,49. Imagine semana
que vem, sem liquidez", completa
Thomazoni.
Para analistas, sem o desentendimento do governo eleito com o
PMDB, o dólar teria tido espaço
para cair mais.
Praticamente não há mais dívidas externas privadas para vencer
(a maioria das remessas já foi antecipada) e o Banco Central rolou
cerca de 84% do vencimento de
cambiais do próximo dia 2. A especulação perde importância, razão pela qual o dólar ainda teria
gás para queda.
Papéis
Investidores privilegiaram na
semana passada papéis mais penalizados pelas incertezas do governo Lula.
São ações de empresas de setores regulados ou semi-regulados
pelo governo federal, ou que foram pressionadas pelo aumento
do risco-país medido pelo banco
JP Morgan (índice Embi +), como
bancos, empresas elétricas, Petrobras, Sabesp e uma parcela dos
papéis de telefonia.
Petróleo
A crise no Oriente Médio, que,
segundo especialistas, parece se
aproximar cada vez mais de uma
solução bélica, e a greve na Venezuela elevaram a tensão nos mercados internacionais do petróleo.
Os dois conflitos abalaram a
confiança dos investidores e não
permitiram a recuperação nas
Bolsas internacionais, pela repercussão que podem ter no preço do
petróleo e na aversão global aos
investimento de risco.
Como os ativos brasileiros estavam com prêmios muito ruins,
houve descolamento da tendência internacional, de acordo com
os analistas.
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