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Procurador abre processo para investigar venda da GVT
Órgão quer explicações sobre o negócio para avaliar se minoritários foram prejudicados
CVM investiga supostas
irregularidades da operação
fechada pela Vivendi, que não
se pronunciou; Telefônica foi
derrotada e deve mover ação
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O MPF (Ministério Público
Federal) do Rio de Janeiro
abriu um processo para apurar
se a compra do controle da
GVT pela francesa Vivendi feriu a legislação, prejudicando
acionistas minoritários da operadora brasileira de telefonia.
A assessoria do MPF informa
que o procedimento foi aberto
no dia 4 pelo procurador Cláudio Gheventer, que atua na área
de direito do consumidor e da
ordem econômica.
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) investiga a operação, mas o processo da autarquia tem finalidade administrativa. Caso fiquem comprovadas as irregularidades, a Vivendi poderá receber, no máximo, uma multa.
No MPF, o processo tem o
objetivo de apurar as supostas
irregularidades da operação
para que, se comprovadas, os
procuradores possam mover
uma ação na Justiça exigindo a
punição dos envolvidos.
Em 13 de novembro, a Vivendi anunciou a aquisição do controle (57,5% das ações) da GVT
por R$ 7,7 bilhões, sendo 37,9%
em ações efetivamente adquiridas pela Vivendi e 19,6% em opções de compra, garantidas pelo fundo inglês Tyrus.
Foi a primeira vez no país
que a venda de uma empresa
ocorreu no mercado, e não diretamente por seus controladores. Antes do anúncio, 56%
do capital da GVT estava pulverizado, a maior parte em posse
de fundos estrangeiros.
Com a compra pela Vivendi,
a Telefônica, que fizera oferta
para adquirir a GVT em leilão
marcado para 19 de novembro,
ficou fora da disputa. Seu presidente, Antônio Carlos Valente,
afirmou que R$ 50,50 por ação
seria o valor máximo a ser pago
pela companhia. A Vivendi desembolsou R$ 56 por ação.
Quase 20 dias depois, a CVM
anunciou a existência de um
processo administrativo em
curso para investigar supostas
irregularidades na operação.
A Telefônica disse que teria
fôlego para pagar até R$ 70.
Amos Genish, presidente da
GVT, contestou, afirmando à
Folha que a declaração de Valente não foi honesta. A Telefônica diz que irá pedir indenização na Justiça por perdas e danos, caso as supostas irregularidades sejam comprovadas.
Minoritários em foco
Antes de 13 de novembro, dia
do anúncio, a única informação
pública era que os acionistas da
GVT receberiam R$ 42 por
ação da Vivendi. Essa oferta foi
superada pela da Telefônica,
que se disse disposta a pagar R$
50,50 em seu leilão.
A Folha apurou que, naquele
momento, a CVM já conduzia
sua investigação. Isso porque,
semanas antes do anúncio, os
papéis da GVT começaram a
subiu, saltando de R$ 33 para
R$ 52. Como essas transações
envolviam quantidades inferiores a 5% do capital da GVT,
compradores e vendedores não
precisavam fazer declarações à
CVM, como determina a lei.
Esses sinais indicariam que
alguns operadores do mercado
já trabalhavam com a informação de que alguém pagaria mais
pelas ações da GVT.
Essas questões devem ser esclarecidas pela CVM, mas o
procurador do MPF também
quis investigar se, em 13 de novembro, o Tyrus tinha direito
de compra das ações da GVT
declaradas pela Vivendi.
Caso fique comprovado que
o Tyrus não tinha o direito, a
Vivendi não teria o controle da
operadora naquele dia e os
acionistas teriam perdido a
chance de vender seus papéis
acima de R$ 56 à Telefônica ou
à Vivendi, que, ao participar do
leilão público da Telefônica, teria sido obrigada a entrar em
uma guerra de ofertas pela
GVT. A Vivendi não respondeu
até o fechamento desta edição.
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