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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Ministro afirma que país precisa do superávit

DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Pressionado por questões de empresários e sindicalistas, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu a necessidade de o país continuar a gerar superávit primário (economia para o pagamento de juros), mesmo depois de encerrado o atual acordo com o FMI (Fundo Monetário Nacional), para provar que a dívida brasileira é "sustentável".
"Mesmo depois que acabar o contrato com o Fundo, temos de fazer superávit, porque temos dívida. Quem tem dívida precisa pagar. Se não pagar, desarranja a economia, o crédito desaparece. Temos países da América Latina que vivem isso. Não queremos correr esse risco", afirmou.
O ministro participou de encontro em Porto Alegre com cerca de 300 empresários, sindicalistas, produtores rurais e comerciantes, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul.
"Muita gente pergunta: por que a gente não briga com o FMI para reduzir o superávit? Porque precisamos dele. Vamos fazer um superávit primário, que, de forma inequívoca, demonstre ao país e ao exterior que o Brasil tem uma dívida sustentável."
O superávit primário é a economia de receitas do setor público, para pagamento de juros da dívida, equivalente a 3,75% do PIB em 2003. É uma das metas do acordo feito pelo Brasil com o FMI em agosto, que permite ao país sacar US$ 30 bilhões em empréstimos.
Quanto maior esse percentual, menos dinheiro o governo terá para investimentos públicos. A equipe econômica discute a revisão para cima desse percentual, como admitiu o ministro da Fazenda: "Devemos ter essa definição nas próximas semanas. Estamos trabalhando no conjunto das nossas medidas econômicas e vamos divulgá-las em breve".
Em pronunciamento de 15 minutos, Palocci disse que o crescimento econômico só pode ser feito com "sustentabilidade" e descartou mudanças bruscas na condução do país.
"Não podemos continuar com a síndrome da incerteza do dia seguinte. Não podemos conviver com a insegurança das frequentes e bruscas mudanças da política econômica e das regras do jogo."
Palocci afirmou que no governo passado a carga tributária aumentou em proporção muito maior do que o país cresceu, mas que a mudança desse cenário é um processo gradual. "Credibilidade não se pede. É construída lentamente, com ações efetivas no dia-a-dia."
(PLÍNIO FRAGA)


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