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Ministro afirma que país precisa do superávit
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Pressionado por questões de
empresários e sindicalistas, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu a necessidade de o
país continuar a gerar superávit
primário (economia para o pagamento de juros), mesmo depois
de encerrado o atual acordo com
o FMI (Fundo Monetário Nacional), para provar que a dívida brasileira é "sustentável".
"Mesmo depois que acabar o
contrato com o Fundo, temos de
fazer superávit, porque temos dívida. Quem tem dívida precisa
pagar. Se não pagar, desarranja a
economia, o crédito desaparece.
Temos países da América Latina
que vivem isso. Não queremos
correr esse risco", afirmou.
O ministro participou de encontro em Porto Alegre com cerca
de 300 empresários, sindicalistas,
produtores rurais e comerciantes,
na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul.
"Muita gente pergunta: por que
a gente não briga com o FMI para
reduzir o superávit? Porque precisamos dele. Vamos fazer um superávit primário, que, de forma
inequívoca, demonstre ao país e
ao exterior que o Brasil tem uma
dívida sustentável."
O superávit primário é a economia de receitas do setor público,
para pagamento de juros da dívida, equivalente a 3,75% do PIB em
2003. É uma das metas do acordo
feito pelo Brasil com o FMI em
agosto, que permite ao país sacar
US$ 30 bilhões em empréstimos.
Quanto maior esse percentual,
menos dinheiro o governo terá
para investimentos públicos. A
equipe econômica discute a revisão para cima desse percentual,
como admitiu o ministro da Fazenda: "Devemos ter essa definição nas próximas semanas. Estamos trabalhando no conjunto das
nossas medidas econômicas e vamos divulgá-las em breve".
Em pronunciamento de 15 minutos, Palocci disse que o crescimento econômico só pode ser feito com "sustentabilidade" e descartou mudanças bruscas na condução do país.
"Não podemos continuar com a
síndrome da incerteza do dia seguinte. Não podemos conviver
com a insegurança das frequentes
e bruscas mudanças da política
econômica e das regras do jogo."
Palocci afirmou que no governo
passado a carga tributária aumentou em proporção muito maior
do que o país cresceu, mas que a
mudança desse cenário é um processo gradual. "Credibilidade não
se pede. É construída lentamente,
com ações efetivas no dia-a-dia."
(PLÍNIO FRAGA)
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