São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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Consultor dará início a reestruturação

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Parmalat Brasil Indústria de Alimentos, o braço operacional do grupo italiano no país, contratou o consultor Cláudio Galeazzi para reestruturar a empresa.
O executivo atuou, entre outras empresas, na S.A. O Estado de S.Paulo, Artex, Lojas Americanas e Mococa. A iniciativa conta com o apoio do comitê de bancos credores, liderado pelo Bank of America, e tem por objetivo buscar uma solução para a atual crise de liquidez da companhia.
A medida foi anunciada ontem em reunião com representantes dos credores, da Parmalat, do Ministério Público e do comitê de fiscalização nomeado pelo juiz Carlos Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível de São Paulo.
A reunião marcou a entrada do Ministério Público no caso Parmalat. O promotor de Justiça Alberto Camiña Moreira solicitou que o MP acompanhe os trabalhos do comitê de fiscalização, que deverá levantar toda a situação societária, fiscal e financeira da empresa.
O comitê fiscalizador -que iniciou os trabalhos na quinta-feira- pediu aos representantes da Parmalat que agilizem o acesso às informações contábeis, fiscais e societárias da empresa.
Os peritos querem ter acesso à rede de computadores da empresa para controlar todos os extratos bancários, diariamente, e os movimentos de entrada e saída de dinheiro. A direção da Parmalat, entretanto, resiste.
Segundo seu advogado, Thomas Felsberg, a empresa está disposta a fornecer as informações solicitadas pelo comitê, mas vê riscos em franquear-lhe o acesso à rede de computadores. "E se houver algum desvio, quem se responsabiliza?", indaga Felsberg.
Segundo ele, a empresa teme que informações confidenciais cheguem ao conhecimento não só dos credores, mas também dos concorrentes da Parmalat.
Isso porque todos os dados levantados pelo comitê serão repassados a cada 15 dias ao juiz Abrão, e incluídos nos autos do processo que determinou a abertura das contas da empresa.
O comitê fiscalizador, por sua vez, reclama da morosidade que será gerada se tiver de requerer, diariamente, informações sobre o movimento financeiro da empresa a seus funcionários. "Não podemos ficar esperando que um funcionário forneça, a posteriori, os extratos e documentos, em papel", diz o advogado Alpoim Botelho, integrante do comitê.
O plano de trabalho do comitê inclui o exame de todas as operações contábeis de entrada e saída de caixa, alienação de bens móveis e imóveis realizadas nos últimos 90 dias. "Também serão monitorados o faturamento e os pagamentos diários das nove unidades da empresa e toda a movimentação de suas diversas contas bancárias", diz Alpoim.
Para o advogado da Parmalat, Felsberg, essa movimentação vai tumultuar os trabalhos da empresa. A empresa chega a realizar, em um único dia, 1.600 pagamentos. "Além da Receita Federal, da Polícia Federal, da Câmara dos Deputados, da KPMG [contratada pelos bancos credores para analisar a situação financeira da empresa] e do MP, ainda teremos um comitê fiscalizador dentro da empresa", afirma.
Ele teme que outros credores decidam requerer a instalação de novos comitês fiscalizadores, tumultuando ainda mais o dia-a-dia da administração.
Para os advogados do banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, que obteve a medida cautelar que instaurou a fiscalização na Parmalat, tal preocupação não procede. "Os efeitos da cautelar se aplicam a todos os credores, não apenas ao Sumitomo", argumenta Luiz Fernando Paiva, do escritório Pinheiro Neto, que obteve a liminar.


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