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Consultor dará início
a reestruturação
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat Brasil Indústria de
Alimentos, o braço operacional
do grupo italiano no país, contratou o consultor Cláudio Galeazzi
para reestruturar a empresa.
O executivo atuou, entre outras
empresas, na S.A. O Estado de
S.Paulo, Artex, Lojas Americanas
e Mococa. A iniciativa conta com
o apoio do comitê de bancos credores, liderado pelo Bank of
America, e tem por objetivo buscar uma solução para a atual crise
de liquidez da companhia.
A medida foi anunciada ontem
em reunião com representantes
dos credores, da Parmalat, do Ministério Público e do comitê de
fiscalização nomeado pelo juiz
Carlos Henrique Abrão, da 42ª
Vara Cível de São Paulo.
A reunião marcou a entrada do
Ministério Público no caso Parmalat. O promotor de Justiça Alberto Camiña Moreira solicitou
que o MP acompanhe os trabalhos do comitê de fiscalização,
que deverá levantar toda a situação societária, fiscal e financeira
da empresa.
O comitê fiscalizador -que iniciou os trabalhos na quinta-feira- pediu aos representantes da
Parmalat que agilizem o acesso às
informações contábeis, fiscais e
societárias da empresa.
Os peritos querem ter acesso à
rede de computadores da empresa para controlar todos os extratos bancários, diariamente, e os
movimentos de entrada e saída de
dinheiro. A direção da Parmalat,
entretanto, resiste.
Segundo seu advogado, Thomas Felsberg, a empresa está disposta a fornecer as informações
solicitadas pelo comitê, mas vê
riscos em franquear-lhe o acesso à
rede de computadores. "E se houver algum desvio, quem se responsabiliza?", indaga Felsberg.
Segundo ele, a empresa teme
que informações confidenciais
cheguem ao conhecimento não só
dos credores, mas também dos
concorrentes da Parmalat.
Isso porque todos os dados levantados pelo comitê serão repassados a cada 15 dias ao juiz Abrão,
e incluídos nos autos do processo
que determinou a abertura das
contas da empresa.
O comitê fiscalizador, por sua
vez, reclama da morosidade que
será gerada se tiver de requerer,
diariamente, informações sobre o
movimento financeiro da empresa a seus funcionários. "Não podemos ficar esperando que um
funcionário forneça, a posteriori,
os extratos e documentos, em papel", diz o advogado Alpoim Botelho, integrante do comitê.
O plano de trabalho do comitê
inclui o exame de todas as operações contábeis de entrada e saída
de caixa, alienação de bens móveis e imóveis realizadas nos últimos 90 dias. "Também serão monitorados o faturamento e os pagamentos diários das nove unidades da empresa e toda a movimentação de suas diversas contas
bancárias", diz Alpoim.
Para o advogado da Parmalat,
Felsberg, essa movimentação vai
tumultuar os trabalhos da empresa. A empresa chega a realizar, em
um único dia, 1.600 pagamentos.
"Além da Receita Federal, da Polícia Federal, da Câmara dos Deputados, da KPMG [contratada pelos bancos credores para analisar
a situação financeira da empresa]
e do MP, ainda teremos um comitê fiscalizador dentro da empresa", afirma.
Ele teme que outros credores
decidam requerer a instalação de
novos comitês fiscalizadores, tumultuando ainda mais o dia-a-dia
da administração.
Para os advogados do banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, que obteve a medida cautelar que instaurou a fiscalização na Parmalat, tal
preocupação não procede. "Os
efeitos da cautelar se aplicam a todos os credores, não apenas ao
Sumitomo", argumenta Luiz Fernando Paiva, do escritório Pinheiro Neto, que obteve a liminar.
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