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Meirelles vê "movimento positivo"
IURI DANTAS
EM NOVA YORK
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles classificou a
compra de títulos "Brady" anunciada pelo Tesouro Nacional como parte de uma série de iniciativas em curso no governo. E assegurou que o BC vai continuar sua
política de recomposição de reservas internacionais após a compra dos títulos, o que influenciará
a cotação do dólar.
"O BC anunciou em janeiro de
2004 seu objetivo de recomposição de reservas, está buscando esses objetivos de forma consistente
e continuará comprando [dólares]", disse ontem, nos EUA.
Em sua opinião, a recompra dos
títulos "é um movimento muito
positivo". "Essa é uma medida
dentro de uma série de outras medidas", contextualizou Meirelles,
"que estão sendo tomadas visando tomar partido do bom ambiente internacional da economia
para reforçar ainda mais nossos
fundamentos e criar de fato condições para crescimento sustentável com crescimento do emprego
de forma sustentável".
Meirelles reuniu-se com representantes da agência de risco
Standard & Poor's, em Nova
York, mas foi para o encontro
sem esperar anúncios de melhoria da classificação do Brasil. "Não
espero que a agência anuncie medida em função de reuniões com
integrantes do governo", afirmou.
Estratégia
Ao retirar do mercado dos títulos "bradies", a equipe econômica
acredita que dará ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva motivo
em dobro para comemorar, bem
às vésperas das eleições. Primeiro,
sua gestão entrará para a história
como o governo que rompeu definitivamente com um passado de
calotes. Segundo, deixará o Brasil
mais perto de uma melhora na
avaliação de risco por parte das
agências internacionais.
No Ministério da Fazenda e no
Banco Central as apostas são fortes de que essa reavaliação da nota
atribuída ao país por parte das
agências de risco virá antes do primeiro turno das eleições, marcado para outubro. Se isso se confirmar, os técnicos da área econômica pretendem dar a Lula mais um
recorde para ser explorado na
campanha: o melhor nível de risco da história.
Considerando o ranking da
Standard & Poor"s, a última melhora na nota brasileira, divulgada
em 2004, apenas recolocou o Brasil no nível verificado em 1997 e
2001. "Desse patamar, nunca passamos", diz o economista Roberto Padovani. É isso que a área econômica acredita ser possível romper ainda nesta gestão.
Desde 2003, os esforços para diminuir o risco país e galgar novas
posições no ranking das agências
internacionais têm sido quase
uma obsessão da equipe econômica. Isso porque, para o governo, o prêmio de risco que o país
paga por causa das condições estruturais da economia é uma peça
central para o governo. Ele influencia variáveis como câmbio e
os juros fixados pelo BC, com impacto indireto sobre a inflação.
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