São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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Meirelles vê "movimento positivo"

IURI DANTAS
EM NOVA YORK

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles classificou a compra de títulos "Brady" anunciada pelo Tesouro Nacional como parte de uma série de iniciativas em curso no governo. E assegurou que o BC vai continuar sua política de recomposição de reservas internacionais após a compra dos títulos, o que influenciará a cotação do dólar.
"O BC anunciou em janeiro de 2004 seu objetivo de recomposição de reservas, está buscando esses objetivos de forma consistente e continuará comprando [dólares]", disse ontem, nos EUA.
Em sua opinião, a recompra dos títulos "é um movimento muito positivo". "Essa é uma medida dentro de uma série de outras medidas", contextualizou Meirelles, "que estão sendo tomadas visando tomar partido do bom ambiente internacional da economia para reforçar ainda mais nossos fundamentos e criar de fato condições para crescimento sustentável com crescimento do emprego de forma sustentável".
Meirelles reuniu-se com representantes da agência de risco Standard & Poor's, em Nova York, mas foi para o encontro sem esperar anúncios de melhoria da classificação do Brasil. "Não espero que a agência anuncie medida em função de reuniões com integrantes do governo", afirmou.

Estratégia
Ao retirar do mercado dos títulos "bradies", a equipe econômica acredita que dará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva motivo em dobro para comemorar, bem às vésperas das eleições. Primeiro, sua gestão entrará para a história como o governo que rompeu definitivamente com um passado de calotes. Segundo, deixará o Brasil mais perto de uma melhora na avaliação de risco por parte das agências internacionais.
No Ministério da Fazenda e no Banco Central as apostas são fortes de que essa reavaliação da nota atribuída ao país por parte das agências de risco virá antes do primeiro turno das eleições, marcado para outubro. Se isso se confirmar, os técnicos da área econômica pretendem dar a Lula mais um recorde para ser explorado na campanha: o melhor nível de risco da história.
Considerando o ranking da Standard & Poor"s, a última melhora na nota brasileira, divulgada em 2004, apenas recolocou o Brasil no nível verificado em 1997 e 2001. "Desse patamar, nunca passamos", diz o economista Roberto Padovani. É isso que a área econômica acredita ser possível romper ainda nesta gestão.
Desde 2003, os esforços para diminuir o risco país e galgar novas posições no ranking das agências internacionais têm sido quase uma obsessão da equipe econômica. Isso porque, para o governo, o prêmio de risco que o país paga por causa das condições estruturais da economia é uma peça central para o governo. Ele influencia variáveis como câmbio e os juros fixados pelo BC, com impacto indireto sobre a inflação.


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