São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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COMÉRCIO EXTERIOR

Em janeiro, os dez principais produtos contribuíram com 53,8% para a alta das vendas externas

Exportações ficam mais concentradas

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um recorte do desempenho do comércio exterior brasileiro mostra que a alta das vendas externas do país está concentrada em um menor número de produtos e a tendência é de manutenção dessa concentração ao longo deste ano.
No primeiro mês deste ano, os dez principais produtos da pauta de exportação brasileira contribuíram com 53,8% para a alta das exportações. Em janeiro de 2005, essa contribuição havia sido de 46,6%, segundo dados da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).
Quanto maior o percentual de participação na taxa de crescimento das exportações alcançado por um determinado grupo de produtos, menor é a diversidade de mercadorias com destaque no aumento das exportações.
Segundo analistas, a apreciação do real é um dos fatores mais importantes para o recuo da diversificação de bens brasileiros vendidos para o exterior. "A valorização do câmbio tende a reduzir gradativamente o universo de produtos que ainda são capazes de obter boa rentabilidade com a atividade de exportação", diz relatório da Funcex.
Outro fenômeno que tem provocado a concentração das vendas externas é a elevação da cotação de certas categorias de produtos. O desempenho diferenciado dos preços dos bens exportados gera um diferencial de crescimento em favor dos produtos que obtiveram maiores altas nos preços. Isso faz com que o leque de produtos que contribuem para a elevação das exportações se torne mais reduzido. No acumulado de 12 meses -até janeiro deste ano-, 12,2% do crescimento das exportações brasileiras foram comandados pela alta dos preços e 9,1% pelo aumento do "quantum" (volume exportado).
Esse fenômeno foi possível porque, para contornar a perda de rentabilidade ocasionada pela apreciação da moeda brasileira, alguns setores conseguiram aproveitar um cenário de demanda mundial aquecida para elevar o preço dos seus produtos. Os itens beneficiados por esse quadro favorável foram as commodities agrícolas e minerais, como ferro, petróleo, café e açúcar.
Para Benedicto Fonseca Moreira, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a elevação das cotações de bens deve ser o sustentáculo das vendas externas neste ano.
"Contratos que não prevêem ajustes nos preços possivelmente não serão cumpridos. Isso será agravado na medida em que o arrefecimento da economia mundial levar a uma redução dos preços internacionais."
A Funcex projeta que as exportações devem crescer 9% neste ano ante 2005. "O "tombo" [de fevereiro] não deve se repetir nos próximos meses, mas os números de fevereiro são perfeitamente compatíveis com as projeções para 2006, que indicam menor crescimento das exportações."


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