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COMÉRCIO EXTERIOR
Em janeiro, os dez principais produtos contribuíram com 53,8% para a alta das vendas externas
Exportações ficam mais concentradas
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um recorte do desempenho do
comércio exterior brasileiro mostra que a alta das vendas externas
do país está concentrada em um
menor número de produtos e a
tendência é de manutenção dessa
concentração ao longo deste ano.
No primeiro mês deste ano, os
dez principais produtos da pauta
de exportação brasileira contribuíram com 53,8% para a alta das
exportações. Em janeiro de 2005,
essa contribuição havia sido de
46,6%, segundo dados da Funcex
(Fundação Centro de Estudos do
Comércio Exterior).
Quanto maior o percentual de
participação na taxa de crescimento das exportações alcançado
por um determinado grupo de
produtos, menor é a diversidade
de mercadorias com destaque no
aumento das exportações.
Segundo analistas, a apreciação
do real é um dos fatores mais importantes para o recuo da diversificação de bens brasileiros vendidos para o exterior. "A valorização do câmbio tende a reduzir
gradativamente o universo de
produtos que ainda são capazes
de obter boa rentabilidade com a
atividade de exportação", diz relatório da Funcex.
Outro fenômeno que tem provocado a concentração das vendas externas é a elevação da cotação de certas categorias de produtos. O desempenho diferenciado
dos preços dos bens exportados
gera um diferencial de crescimento em favor dos produtos que obtiveram maiores altas nos preços.
Isso faz com que o leque de produtos que contribuem para a elevação das exportações se torne
mais reduzido. No acumulado de
12 meses -até janeiro deste
ano-, 12,2% do crescimento das
exportações brasileiras foram comandados pela alta dos preços e
9,1% pelo aumento do "quantum" (volume exportado).
Esse fenômeno foi possível porque, para contornar a perda de
rentabilidade ocasionada pela
apreciação da moeda brasileira,
alguns setores conseguiram aproveitar um cenário de demanda
mundial aquecida para elevar o
preço dos seus produtos. Os itens
beneficiados por esse quadro favorável foram as commodities
agrícolas e minerais, como ferro,
petróleo, café e açúcar.
Para Benedicto Fonseca Moreira, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a elevação das cotações de
bens deve ser o sustentáculo das
vendas externas neste ano.
"Contratos que não prevêem
ajustes nos preços possivelmente
não serão cumpridos. Isso será
agravado na medida em que o arrefecimento da economia mundial levar a uma redução dos preços internacionais."
A Funcex projeta que as exportações devem crescer 9% neste
ano ante 2005. "O "tombo" [de fevereiro] não deve se repetir nos
próximos meses, mas os números
de fevereiro são perfeitamente
compatíveis com as projeções para 2006, que indicam menor crescimento das exportações."
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