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Investimento estrangeiro cresce 64%
Aplicações chegam a US$ 2,4 bilhões em janeiro; aumento ocorre na comparação com mesmo mês do ano passado
Resultado expõe a dificuldade para conter a valorização do dólar; e BC já fala em elevar previsão de US$ 18 bilhões para o ano
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo terceiro mês seguido, os
investimentos estrangeiros recebidos pelo Brasil ficaram acima de US$ 2 bilhões, e o Banco
Central já fala em aumentar
sua projeção para o fluxo de capital externo para o país neste
ano. Em janeiro, segundo dados do BC, essas aplicações
chegaram a US$ 2,412 bilhões.
O valor é 64% maior do que o
registrado em janeiro de 2006.
O grande fluxo de dólares
torna ainda mais difícil conter a
valorização do real, como querem os exportadores, mesmo
com o BC comprando grandes
volumes da moeda americana
-foram US$ 6,9 bilhões só neste mês e US$ 4,8 bilhões em janeiro, o que já era um recorde
mensal.
No fim do ano passado, o BC
fixou em US$ 18 bilhões a estimativa para o ingresso de investimento estrangeiro em
2007. Nos últimos 12 meses,
porém, esse número já se aproxima de US$ 20 bilhões. "Nossa
projeção pode ser revisada
mais para a frente", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Para Lopes, a economia brasileira tem passado por avanços, o que ajuda a atrair mais investimentos externos. "Isso está vinculado às condições macroeconômicas. Hoje existe
mais estabilidade", diz.
Lopes cita o aumento das reservas em moeda estrangeira
do governo -perto de US$ 100
bilhões, recorde histórico- e a
queda do risco-país -índice inversamente proporcional à
procura dos investidores por títulos emitidos pelo Brasil, também em patamar recorde.
Relatório do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) diz que o fluxo dos últimos meses "já pode
ser considerado um indício de
que o Brasil pode estar superando a limitada faixa entre
US$ 15 bilhões e US$ 18 bilhões
dos últimos três anos". Desde
2001, pós-privatizações, não
passa de US$ 20 bilhões.
Segundo levantamento da
Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento), em 2005 o
país perdeu para o México a posição de país da América Latina
que mais recebe investimentos
estrangeiros diretos.
Pela primeira vez, o BC também divulgou ontem dados detalhados sobre investimentos
brasileiros diretos no exterior.
Em 2006, segundo as estatísticas, os bancos foram os que
mais fizeram aplicações em outros países: US$ 2,587 bilhões.
Em segundo lugar ficou a indústria de alimentos e bebidas,
com investimentos de US$
1,505 bilhão. Ao todo, as empresas brasileiras enviaram
US$ 27,2 bilhões, mas esse valor está inflado pelos US$ 17,2
bilhões pagos pela Vale do Rio
Doce pela mineradora canadense Inco.
Já os principais destinos desses investimentos são paraísos
fiscais, por onde, segundo o BC,
o dinheiro passa antes de chegar ao seu destino final. Ilhas
Cayman, Ilhas Virgens e Bahamas receberam US$ 5 bilhões
em investimentos brasileiros
ao longo de 2006.
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