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COMÉRCIO EXTERIOR
Apenas 153 companhias respondem por mais da metade (US$ 26 bilhões) das vendas externas do país
Exportação depende de poucas empresas
MAURO ARBEX
da Reportagem Local
Somente 153 empresas foram
responsáveis por mais da metade
da receita obtida com as exportações brasileiras em 96, ou seja,
quase US$ 26 bilhões.
Cerca de 500, de um universo total de mais de 13 mil empresas que
participaram do comércio externo
do país em 96, responderam por
mais de 70% do total das exportações, que alcançaram naquele ano
US$ 47,7 bilhões.
Estas são algumas das principais
conclusões de um estudo preparado pela Funcex (Fundação Centro
de Estudos de Comércio Exterior)
e que deverá ser encaminhando ao
Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo em março.
O estudo, encomendado pelo
MICT à Funcex, é uma das iniciativas do governo visando incrementar as vendas externas do país.
"É um mapeamento atualizado
das exportações brasileiras por
segmentos e regiões do país", afirma Roberto Giannetti da Fonseca,
vice-presidente da Funcex.
O levantamento, segundo ele,
servirá para se conhecer melhor o
setor exportador brasileiro. "O conhecimento mais detalhado dos
exportadores é uma das formas de
o Brasil conseguir atingir a meta
de dobrar o valor exportado", diz.
O objetivo do governo é que as
exportações cresçam a uma taxa
anual média de 15% nos próximos
anos, de forma que o país alcance
US$ 100 bilhões em vendas externas até o ano 2002 e consiga, com
isso, equilibrar as suas contas externas.
O estudo separou as empresas
em quatro categorias de exportadoras -as contínuas, as intermitentes, as iniciantes e as desistentes- e analisou o desempenho de
cada grupo entre os anos de 1990 e
1996.
Na categoria das exportadoras
"contínuas", por exemplo
-aquelas que estão sempre presentes na pauta brasileira-, foram identificadas 3.749 empresas.
US$ 50 milhões
No total, em 96, elas representaram mais de 80% (US$ 38,8 bilhões) da receita com exportações
brasileiras, conforme o levantamento realizado pela Funcex.
Nesse grupo, 153 exportaram
mais de US$ 50 milhões cada uma
e responderam por mais da metade do valor total da pauta brasileira naquele ano.
No grupo das "intermitentes"
(empresas que em alguns anos exportam e em outras não), a Funcex listou 4.255 em 96. Elas foram
responsáveis por US$ 5,4 bilhões
das exportações brasileiras.
As "iniciantes" em 96 somaram
5.393, com vendas externas de
US$ 3,43 bilhões.
Conforme o estudo da Funcex,
no período de 90 a 93 chegou-se a
verificar um aumento da participação das empresas menores no
total exportado, o que poderia indicar um início de desconcentração das vendas externas. As empresas que exportaram abaixo de
US$ 1 milhão, por exemplo, aumentaram naquele período a participação de 8,4% para 9,4% do total da receita.
Essa tendência, porém, conforme Giannetti da Fonseca, se reverteu entre 93 e 96. "Nesse período,
caiu o número de empresas exportadoras e cresceu o número das
que exportam mais de US$ 10 milhões por ano", diz. Ou seja, a concentração do valor exportado em
poucas empresas voltou a crescer.
Pouca experiência
Para Márcio Fortes de Almeida,
vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), algumas razões explicam essa
concentração das vendas externas
em grandes empresas.
Segundo ele, as empresas menores têm pouca experiência no
mercado externo e dificuldade de
obtenção de crédito para exportação. "Faltam também treinamento e contatos lá fora", diz ele.
Ele lembra que há cerca de dois
anos o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social) anunciou uma linha de
crédito de US$ 1 bilhão às pequenas e médias empresas para incrementar as exportações, mas praticamente não houve interesse. "As
empresas não tinham garantias
para avalizar o empréstimo", afirma Fortes de Almeida.
Uma das alternativas para resolver esse problema é o fundo de
aval, anunciado em novembro do
ano passado e que deve sair do papel em março.
O fundo terá um total de R$ 300
milhões para financiar as exportações - com garantia do governo- de micro, pequenas e médias
empresas.
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