São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2000


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POLÍTICA MONETÁRIA
Salário mínimo e preço do petróleo -com decisão marcada para 2ª- adiaram decisão do BC
Governo espera Opep para cortar juro

VIVALDO DE SOUSA
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília

O Banco Central deixou para tomar a decisão de baixar os juros básicos da economia dentro de uma semana porque queria esperar o resultado de duas outras reuniões: a do salário mínimo, realizada ontem, e a da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo), na próxima segunda-feira.
Tendo uma definição mais clara sobre o salário mínimo e sobre o preço internacional do petróleo, o BC pode retomar a trajetória de queda de juros sem correr o risco de ter de voltar atrás mais na frente. A queda na taxa básica, porém, será pequena.
Em 99, o BC chegou a reduzir os juros básicos em 5,5 pontos percentuais de uma única vez (abril). Agora, as quedas serão menores. Se tudo correr como o previsto, a redução será de até 0,25 ponto percentual antes de 19 de abril, data da próxima reunião do Copom.
A Folha apurou que a tendência é retomar a trajetória de queda na próxima semana, mas a decisão ainda depende de novas análises pela diretoria do BC.
Embora tenha mantido os juros básicos em 19% anuais, o Copom (Comitê de Política Monetária) retomou a tendência (viés) de baixa. Isso permite ao presidente do BC, Armínio Fraga, reduzir os juros sem consultar o Copom, um colegiado formado por diretores e chefes de departamento do BC.

Novo cenário
Os juros pararam de cair em setembro de 99 porque o BC queria garantir o cumprimento da meta de inflação de 2000, fixada em 6% -mas que pode variar de 4% a 8%. Agora, os dados colhidos pelos técnicos do governo mostram uma inflação dando sinais de trajetória em queda. O dólar próximo de R$ 1,74 também contribui para esse cenário positivo.
A definição do salário mínimo preocupava o BC porque a proposta defendida pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento poderia ser alterada por pressões políticas. A equipe econômica defendeu um mínimo em torno de R$ 150 nas negociações.
O valor de R$ 151, anunciado ontem, não deverá prejudicar o desempenho das contas públicas neste ano.
Outra preocupação do BC é o preço internacional do petróleo, que subiu mais do que o esperado no começo deste ano, mas recuou nos últimos dias. O comportamento do preço do petróleo a partir de agora dependerá basicamente dessa reunião da Opep.
Se os integrantes da organização decidirem aumentar sua produção, os preços tendem a recuar um pouco mais e se estabilizar num valor considerado mais adequado pelo mercado. O barril, que chegou a custar US$ 30, já está próximo de US$ 26.



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