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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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TRABALHO

Objetivo é obter antecipação de 10% para repor perdas com a inflação; Fiesp diz que é contra o reajuste agora

Metalúrgicos de SP vão à greve na 4ª

João Wainer/Folha Imagem
Depois de aprovar greve por antecipação salarial, metalúrgicos ligados à Força Sindical fizeram, em São Paulo, passeata pela paz

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes dos metalúrgicos de São Paulo decidiram ontem que iniciarão uma greve geral na próxima quarta-feira caso os industriais se recusem a dar uma antecipação salarial de, no mínimo, 10%. A decisão foi tomada por 3.000 delegados do sindicato, que participaram de um congresso no ginásio do Ibirapuera.
"Os empresários têm dois dias [hoje e amanhã] para apresentar uma proposta. Caso contrário, os trabalhadores de 40 empresas da capital cruzarão os braços já na quarta-feira", afirmou o sindicalista Eleno Bezerra. Ele foi homologado ontem presidente do sindicato, no lugar de Paulo Pereira da Silva, que passa a presidir apenas a Força Sindical.
A data-base dos metalúrgicos de São Paulo é em novembro, mas Bezerra afirmou que a inflação acumulada de novembro do ano passado a fevereiro deste ano já corroeu todo o reajuste de 10,26% que a categoria conseguiu em 2002. "O acumulado da inflação nos últimos quatro meses foi de 10,39%", disse Bezerra, citando o INPC do IBGE.
A decisão dos metalúrgicos promete criar um embate entre eles e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que já disse ser contra a antecipação do reajuste. Clarice Messer, diretora da entidade, chegou a afirmar que os trabalhadores terão de escolher entre a manutenção do emprego ou o reajuste salarial.
"Os metalúrgicos poderiam até esperar um pouco mais além da quarta-feira para entrar em greve. Mas como aquela diretora [Messer] disse que é contra o reajuste, decidimos antecipar o prazo", disse Bezerra.
A mobilização pode resultar na primeira grande greve realizada no governo Lula. Os metalúrgicos querem paralisar as empresas de surpresa e por tempo indeterminado. São Paulo tem 280 mil metalúrgicos e 1.500 grandes e médias metalúrgicas, que devem ser notificadas hoje do movimento grevista.
"Deixaremos os empresários malucos, pois eles não saberão quais empresas vão parar a partir de quarta-feira", disse Bezerra.
Os metalúrgicos iniciaram as negociações por antecipação de reajuste salarial no último dia 10. Reuniram-se com os chamados grupo três e nove da Fiesp, que representam, respectivamente, as indústrias de autopeças e de eletrodomésticos.
"No último dia 20, alguns representantes dos empresários pediram prazo para estudar o assunto. Nós não somos instituições de crédito", afirmou Bezerra.
Para a Fiesp, as empresas só não estão demitindo atualmente porque a folha de salários tem pesado menos no custo devido à inflação.


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