São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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BC já comprou US$ 19 bilhões neste ano

Maior entrada de dólares no país eleva aquisições do banco e reservas internacionais atingem US$ 107 bi, novo recorde

Instituição eleva sua previsão no saldo das contas externas neste ano de US$ 4,5 bilhões para US$ 7,7 bilhões


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bons resultados alcançados pela balança comercial nos últimos meses fizeram com que o Banco Central aumentasse sua projeção para o saldo das contas externas neste ano.
Como os números dos últimos dois meses ficaram um pouco acima do esperado, o BC elevou de US$ 4,5 bilhões para US$ 7,7 bilhões sua estimativa para o superávit. Entre janeiro e fevereiro, o saldo ficou acumulado em US$ 919 milhões, quase três vezes o valor apurado no mesmo período de 2006.
Os números positivos têm dado espaço para que o BC compre um volume recorde de dólares nas suas intervenções no mercado de câmbio. Neste mês, segundo dado parcial fechado na quarta, essas aquisições estavam em cerca de US$ 5 bilhões, o que eleva para US$ 19 bilhões as compras do ano.
Ao longo do ano passado, o BC comprou US$ 34,3 bilhões no mercado. Os dólares vão para as reservas internacionais do país, que anteontem já estavam em US$ 107,5 bilhões.
No começo de 2006, essas reservas estavam em US$ 54 bilhões. De lá para cá, as compras de dólares do BC ajudaram a reforçar esse saldo, que hoje está no nível mais alto da história.
E essas compras foram possíveis graças ao ingresso de capital externo. Em 2006, o saldo em transações correntes -soma da compra e venda de bens e serviços de outros países- ficou em US$ 13,5 bilhões, sem contar os US$ 18,8 bilhões em investimentos estrangeiros.
O aumento das reservas ajuda a reduzir o volume de remessas de dólares para o exterior. Isso porque as divisas compradas pelo BC são aplicadas no mercado, o que rende juros para o governo. "Com o aumento das reservas, devemos ter US$ 1 bilhão a mais como receita neste ano", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Esses números positivos refletem uma situação externa favorável, com as principais economias do mundo registrando um forte crescimento.
Neste ano, apesar das turbulências observadas nos mercados financeiros internacionais, o BC se diz otimista com a possibilidade de manutenção desse cenário externo favorável -tanto que elevou para US$ 7,7 bilhões a projeção para o superávit em transações correntes.
"Mesmo com a maior volatilidade, a liquidez ainda está alta", diz Lopes, referindo-se aos elevados volumes de capital que circulam pelo mundo, apesar das maiores incertezas.

Queda do dólar
Os resultados positivos das contas externas também ajudam a explicar a queda do dólar, que mesmo as compras bilionárias do BC no mercado de câmbio não têm evitado.
A expectativa é que, sem contar com uma ação mais agressiva do BC, a tendência de valorização do real só seja revertida por um aumento mais forte das importações, beneficiadas por um dólar mais barato.
Segundo as previsões do BC, as importações vão crescer 22,5% neste ano, enquanto as exportações devem subir 8,4%. Confirmadas essas contas, o superávit da balança comercial seria de US$ 37 bilhões -abaixo dos US$ 46,1 bilhões de 2006, mas acima dos US$ 35 bilhões estimados pelo próprio BC em dezembro último.


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