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Indústria vende menos a EUA e Europa
Produtos chineses, mais competitivos, ocupam espaço dos brasileiros nesses mercados; sobe venda para América Latina
Participação americana nas exportações está abaixo de 20% do total, apesar de ser o principal mercado externo para a indústria paulista
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria paulista reduziu
as exportações para Estados
Unidos e União Européia, os
seus principais mercados, e aumentou as vendas externas para países da América Latina.
Esse movimento é reflexo do
aumento da competitividade
dos produtos chineses nos
mercados norte-americano e
europeu e também do crescimento da demanda em alguns
países da América Latina, como
Argentina e Venezuela.
É o que constata levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) com 329 empresas paulistas, entre os dias 5 e 16 de fevereiro deste ano, para avaliar a
atividade do comércio exterior
nas indústrias do Estado de São
Paulo, que representa cerca de
33% das exportações do país.
Das 329 empresas consultadas, 198 são exportadoras.
Questionadas sobre para quais
mercados elas enviam seus
produtos, 23% delas citaram o
Mercosul; 17,9%, a América Latina (excluindo o Mercosul);
12,5%, os EUA; 12,5%, a União
Européia; 11%, a África; 8,7%, a
Ásia (excluindo a China); 2,3%,
a China e 6,8%, o Oriente Médio (excluindo Israel).
Na mesma pesquisa realizada em julho de 2006, o Mercosul foi citado por 21,5% das empresas; a América Latina, por
18,3%; os EUA, por 15,5% e a
União Européia, por 14,8%.
"A indústria paulista está
perdendo venda em dois importantes mercados: Estados
Unidos e União Européia. Não
é bom, porque o nosso espaço
está sendo ocupado pelos chineses", afirma Humberto Barbato, diretor do Ciesp e candidato à presidência da Abinee.
Os Estados Unidos são o
principal mercado dos exportadores paulistas. Em 2004, as
vendas para os EUA representavam 24,9% das exportações
totais do Estado de São Paulo.
Em 2005, esse percentual caiu
para 21,4% e, em 2006, para
19,8%, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Países da Aladi, que reúne
Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, México, Peru e Venezuela
entre outros, aparecem em segundo lugar no ranking das exportações do Estado, com
17,13%, no ano passado. A
União Européia aparece com
15,8%, e o Mercosul, com
14,2%. Em 2004, a União Européia chegou a deter 17,9%. E o
Mercosul representava 12,7%.
"O país está tendo mais oportunidades de vendas nos países
da América Latina que estão
saindo de crises, como são os
casos da Argentina e da Venezuela. E também tem mais dificuldade de se manter competitivo no exterior por causa do
câmbio", diz Luis Suzigan, economista da LCA Consultores.
Diminuir vendas em mercados como Estados Unidos e
União Européia, na avaliação e
Suzigan, não é um bom sinal
para o país, "pois o ritmo de
crescimento de países da América Latina não deve se manter.
É uma situação que preocupa."
Na avaliação de Carlos Cavalcanti, economista-chefe do
Ciesp, a indústria paulista perdeu mercado nos Estados Unidos devido a ações protecionistas do governo norte-americano, que tornaram mais caras as
exportações brasileiras de calçados, suco de laranja e máquinas agrícolas. "E, na Europa, o
subsídio prejudicou a exportação paulista de açúcar, farelo de
soja e produtos agrícolas."
As exportações paulistas de
carnes, segundo informa Cavalcanti, também diminuíram
por conta da gripe aviária e da
febre aftosa. "As perdas por
conta desses dois fatores são
sentidas até hoje. Sem contar o
problema do real valorizado."
A taxa de câmbio valorizada,
porém, tem favorecido o aumento das importações. Questionada sobre itens importados, 45,5% das empresas consultadas que importam (173)
citaram matérias-primas;
21,3%, produtos acabados;
29%, componentes e, 4,2%, serviços. No levantamento de julho de 2006; os percentuais
mencionados pelas empresas
foram 41,6%, 23,2%, 34,8% e
0,5%, respectivamente.
Os dados indicam que as indústrias paulistas estão importando mais matérias-primas.
"O crescimento das importações de insumos e peças é tendência e está relacionado com o
câmbio. É uma situação que leva à perda [de PIB] na indústria
porque há menor agregação de
valor na produção nacional",
afirma Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
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