São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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CSN quer quebrar o domínio da Vale na exportação de mina

Empresa tenta reverter acordo que dá à rival direito de comprar e exportar minério que não for usado por ela

Vale disse não ter nenhuma intenção de abrir mão de seu direito de preferência ao minério da siderúrgica, mas que pode discutir cotação


DA BLOOMBERG

A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a terceira maior siderúrgica brasileira, pretende quebrar até o ano que vem o domínio da Companhia Vale do Rio Doce sobre as exportações da mina Casa de Pedra, tornando-se, assim, uma das principais fornecedoras mundiais de minério de ferro.
A CSN está tentando mudar acordo firmado em 2001 que deu à Vale o direito de comprar e exportar todo o minério de ferro da Casa de Pedra -que pertence à CSN- que não for usado pela siderúrgica nem vendido a usinas brasileiras.
A Vale, a maior exportadora mundial de minério de ferro, está recorrendo de uma ordem judicial antitruste que determina a suspensão dos direitos à exploração da mina ou a venda de uma mina próxima à Casa de Pedra.
Jayme Correa, gerente da CSN que está supervisionando projeto de expansão que pretende transformar até 2010 a mina Casa de Pedra na segunda maior produtora de minério de ferro do mundo, espera que a autoridade reguladora do setor decida em favor da CSN "em breve".
A retirada do controle das exportações da mina das mãos da Vale permitiria à CSN se transformar na quarta maior exportadora mundial da commodity.
"Direito de preferência não vale nada para a Vale. Eles têm de nos pagar o preço praticado mundialmente e são capazes de extrair seu próprio minério a um custo mais baixo", afirmou Correa.
"Está demorando mais do que esperávamos para colocarmos nossa unidade de exportação em funcionamento, mas nós exportaremos nosso próprio minério de ferro diretamente em 2008."
O plano de expansão Casa de Pedra, localizada em Minas Gerais, elevará a produção da CSN para 55 milhões de toneladas por ano, atrás apenas da produção da Vale na mina de Carajás, localizada na Amazônia, de 100 milhões de toneladas ao ano.
A Vale disse não ter nenhuma intenção de abrir mão de seu direito de preferência ao minério da CSN, frustrando os esforços da rival para firmar contratos de fornecimento de minério de longo prazo com siderúrgicas. O minério de ferro é o principal componente na fabricação do aço.
"É claro que esse direito tem seu valor. Ele faz parte de um acordo que separou as empresas e valia à época, assim como vale agora", disse em entrevista José Carlos Martins, diretor da divisão de metais ferrosos da Vale. "Realmente não é a função deles dizer o que podemos fazer com o nosso direito."
A Vale combaterá a decisão antitruste nos tribunais, embora esteja aberta a negociar com a CSN, de acordo com Martins. "Estamos dispostos a discutir um preço", afirmou o diretor da empresa.
A decisão antitruste se originou de uma reclamação da CSN e de outras produtoras de metal, que afirmam que a Vale detém poder demais, o que prejudica a concorrência no setor. A Vale fornece cerca de um terço do minério de ferro mundial e responde por 61% das vendas da commodity no Brasil.
A CSN, que utiliza cerca de 8 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para suas próprias operações no Brasil, pretende exportar 30 milhões de toneladas da commodity ao ano até o final de 2010. Essa quantidade é pouco superior à parcela de 10% das remessas totais da Vale atualmente.
A CSN exportará 7 milhões de toneladas de minério de ferro de outras mineradoras neste ano. Dessas remessas, nenhum minério virá de sua mina Casa de Pedra.


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