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CSN quer quebrar o domínio da Vale na exportação de mina
Empresa tenta reverter acordo que dá à rival direito de comprar e exportar minério que não for usado por ela
Vale disse não ter nenhuma intenção de abrir mão de seu direito de preferência ao
minério da siderúrgica, mas que pode discutir cotação
DA BLOOMBERG
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a terceira maior
siderúrgica brasileira, pretende
quebrar até o ano que vem o domínio da Companhia Vale do
Rio Doce sobre as exportações
da mina Casa de Pedra, tornando-se, assim, uma das principais fornecedoras mundiais de
minério de ferro.
A CSN está tentando mudar
acordo firmado em 2001 que
deu à Vale o direito de comprar
e exportar todo o minério de
ferro da Casa de Pedra -que
pertence à CSN- que não for
usado pela siderúrgica nem
vendido a usinas brasileiras.
A Vale, a maior exportadora
mundial de minério de ferro,
está recorrendo de uma ordem
judicial antitruste que determina a suspensão dos direitos à
exploração da mina ou a venda
de uma mina próxima à Casa de
Pedra.
Jayme Correa, gerente da
CSN que está supervisionando
projeto de expansão que pretende transformar até 2010 a
mina Casa de Pedra na segunda
maior produtora de minério de
ferro do mundo, espera que a
autoridade reguladora do setor
decida em favor da CSN "em
breve".
A retirada do controle das exportações da mina das mãos da
Vale permitiria à CSN se transformar na quarta maior exportadora mundial da commodity.
"Direito de preferência não
vale nada para a Vale. Eles têm
de nos pagar o preço praticado
mundialmente e são capazes de
extrair seu próprio minério a
um custo mais baixo", afirmou
Correa.
"Está demorando mais do
que esperávamos para colocarmos nossa unidade de exportação em funcionamento, mas
nós exportaremos nosso próprio minério de ferro diretamente em 2008."
O plano de expansão Casa de
Pedra, localizada em Minas Gerais, elevará a produção da CSN
para 55 milhões de toneladas
por ano, atrás apenas da produção da Vale na mina de Carajás,
localizada na Amazônia, de 100
milhões de toneladas ao ano.
A Vale disse não ter nenhuma intenção de abrir mão de
seu direito de preferência ao
minério da CSN, frustrando os
esforços da rival para firmar
contratos de fornecimento de
minério de longo prazo com siderúrgicas. O minério de ferro é
o principal componente na fabricação do aço.
"É claro que esse direito tem
seu valor. Ele faz parte de um
acordo que separou as empresas e valia à época, assim como
vale agora", disse em entrevista
José Carlos Martins, diretor da
divisão de metais ferrosos da
Vale. "Realmente não é a função deles dizer o que podemos
fazer com o nosso direito."
A Vale combaterá a decisão
antitruste nos tribunais, embora esteja aberta a negociar com
a CSN, de acordo com Martins.
"Estamos dispostos a discutir
um preço", afirmou o diretor da
empresa.
A decisão antitruste se originou de uma reclamação da CSN
e de outras produtoras de metal, que afirmam que a Vale detém poder demais, o que prejudica a concorrência no setor. A
Vale fornece cerca de um terço
do minério de ferro mundial e
responde por 61% das vendas
da commodity no Brasil.
A CSN, que utiliza cerca de 8
milhões de toneladas de minério de ferro por ano para suas
próprias operações no Brasil,
pretende exportar 30 milhões
de toneladas da commodity ao
ano até o final de 2010. Essa
quantidade é pouco superior à
parcela de 10% das remessas
totais da Vale atualmente.
A CSN exportará 7 milhões
de toneladas de minério de ferro de outras mineradoras neste
ano. Dessas remessas, nenhum
minério virá de sua mina Casa
de Pedra.
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