São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Lula deve anunciar Angra 3, diz ministro

Nesta terça-feira, presidente se reúne com o Conselho de Política Energética

Sérgio Resende, da pasta de Ciência e Tecnologia, defende retomada dos investimentos em um programa nuclear mesmo sem haver consenso


PATRICIA ZIMMERMANN
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

A discussão sobre a construção da terceira usina nuclear (Angra 3) já está madura no governo, e a decisão deve ser anunciada na próxima terça-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir com o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).
"Acho que agora vai", disse ontem o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, que defende a retomada dos investimentos brasileiros em um programa nuclear, mesmo ciente de que a decisão não deverá ser unânime, com ao menos um voto contrário, o da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
"As coisas, às vezes, não se decidem inteiramente no consenso", disse o ministro, que considerou a discussão sobre o assunto ocorrida nos últimos anos "serena", mas reconheceu que "sempre tem gente contra", o que seria "parte da nossa sociedade".
"As questões foram amadurecidas, a questão nuclear no mundo hoje é muito diferente do que há um ano. E, há três anos, nem se compara", disse o ministro.
Segundo Resende, o Brasil tem hoje tecnologia para construir reatores, fazer manutenção e domina a tecnologia nuclear completamente, além de ter uma grande reserva de minério de urânio, que é a matéria-prima para a geração de energia nuclear.
"Estamos mostrando que a energia nuclear é a que menos contribui para o aquecimento global. E hoje o aquecimento global é preocupação de todo o mundo", defendeu Resende.
Na avaliação do ministro de Ciência e Tecnologia, a questão dos resíduos nucleares, maior preocupação do Ministério do Meio Ambiente, também estaria equacionada, pois o país teria avançado tecnologicamente no assunto. Não é o que pensa a ministra Marina Silva. Segundo ela, nos últimos anos o mundo não construiu novas usinas nucleares, principalmente porque ainda não se resolveu a questão dos resíduos.

Vantagem
O ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) havia defendido na quinta-feira a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3. "Não podemos abrir mão de uma vantagem competitiva como essa. Eu sou um defensor da fonte nuclear para o Brasil", afirmou, em audiência pública no Senado.
A usina de Angra 3 está no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Nas previsões do governo, as obras seriam retomadas em julho deste ano e a usina começaria a operar em 2013. Para a construção seria necessário US$ 1,7 bilhão.


Com a Sucursal de Brasília

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