São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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China sugere que dólar seja substituído por moeda internacional de reserva

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O banco central da China sugeriu ontem que o dólar seja substituído por uma moeda internacional em um novo sistema a ser controlado pelo FMI.
A ideia é que a nova moeda de reserva "seja desconectada de condições econômicas e interesses soberanos de um único país" e que possa continuar "estável a longo prazo, removendo as deficiências inerentes em usar moedas nacionais baseadas em crédito", escreveu o presidente do BC chinês, Zhou Xiaochuan, em texto divulgado ontem no site do órgão.
Zhou não cita diretamente o dólar, mas a moeda é a de maior peso no sistema que o economista diz que precisa mudar.
É a segunda vez em dez dias que uma autoridade do governo chinês expressa preocupação com a saúde da moeda norte-americana.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro Wen Jiabao afirmou estar preocupado com a situação financeira dos EUA. "Quero pedir que os EUA cumpram sua palavra e seus compromissos, preservando a segurança dos ativos chineses", disse.
Estima-se que de US$ 1,9 trilhão em reservas internacionais que a China tem, metade seja de títulos do Tesouro americano. Teme-se que a emissão de moeda para sustentar os planos de resgate do governo Obama levem à inflação e à desvalorização do dólar.

Cesta de moedas
A sugestão do presidente do BC chinês é expandir o papel dos chamados "direitos especiais de saque" do FMI. O valor dos direitos especiais de saque é baseado em uma cesta de quatro moedas -o dólar, o euro, o iene japonês e a libra esterlina, do Reino Unido.
A proposta chinesa expandiria a cesta para todas as grandes economias e criaria um sistema com outras moedas que poderiam ser usadas em comércio e transações financeiras.
Na sugestão de Zhou, os países colocariam parte de suas reservas em direitos especiais de saque ao FMI -essas moedas substituiriam as reservas.
O economista americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia que está em Pequim, também sugeriu a criação de uma moeda mundial.
Mas, para negar que a China vá deixar de financiar o déficit americano, o diretor da Administração Estatal de Reservas Internacionais da China, Hu Xiaolian disse ontem que o país continuará a comprar títulos do Tesouro dos EUA.


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