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BC ganha mais poder para emprestar dólares
Socorro poderá ser destinado a qualquer finalidade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deu mais poder ao
Banco Central para emprestar
dólares a bancos e empresas
com dificuldades em conseguir
crédito no mercado internacional. A partir de agora, o socorro
oficial poderá ser destinado a
qualquer finalidade, em vez de
apenas a financiamento de exportações e refinanciamento
de compromissos já assumidos
pelo setor privado no exterior.
A alteração foi anunciada logo depois de, pela terceira vez
em pouco mais de um mês, o
BC não ter recebido nenhuma
proposta de empresas interessadas em receber empréstimos
em dólar para refinanciar dívidas assumidas no exterior.
Já a linha para financiamento de exportações, lançada no
fim do ano passado, tem tido
mais demanda: desde o agravamento da crise financeira, o BC
liberou US$ 10,6 bilhões com
essa finalidade, segundo balanço fechado no dia 12 passado.
Com a liberalização das operações de socorro financeiro, o
BC pode estimular o refinanciamento de dívidas, que poderão se valer do mecanismo
-mais bem-sucedido, ao menos até o momento- usado no
financiamento de exportações.
O dinheiro, das reservas oficiais em dólar, é colocado no
mercado por meio de leilões,
em que os bancos disputam
quem paga os juros mais altos
para receber o empréstimo em
dólares do BC. Num segundo
momento, as instituições se encarregam de repassar os recursos para os exportadores.
O mecanismo continua o
mesmo. Os leilões prosseguem,
mas não haverá mais a exigência de que os bancos usem esse
dinheiro apenas no financiamento de exportações. O BC
tem cerca de US$ 191 bilhões
para essas operações.
Apesar da pouca demanda,
permanecerá aberto aos interessados o mecanismo criado
no mês passado para o refinanciamento de dívidas, que também tem como objetivo atenuar os efeitos da crise no mercado de câmbio. Nessa operação, a empresa que queira receber os dólares precisa procurar
um banco que aceite intermediar a transação -o BC empresta os recursos à instituição
financeira, que, por sua vez, os
empresta para seu cliente.
Pelas regras do programa, o
BC pode receber essas propostas a qualquer momento, e os
dólares são liberados em datas
preestabelecidas. Até agora,
três dessas datas se passaram
-a última, na sexta-feira passada- e ninguém formalizou interesse na operação. No anúncio da iniciativa, o BC estimou
que poderia emprestar até US$
36 bilhões, mas avaliou em cerca de US$ 20 bilhões a demanda por essa linha de crédito.
Segundo Newton Rosa, economista-chefe da Sul América
Investimentos, o mercado comenta que as exigências do BC
eram muito rígidas, o que diminuiria o interesse das empresas
em participar da operação.
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