São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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BC ganha mais poder para emprestar dólares

Socorro poderá ser destinado a qualquer finalidade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo deu mais poder ao Banco Central para emprestar dólares a bancos e empresas com dificuldades em conseguir crédito no mercado internacional. A partir de agora, o socorro oficial poderá ser destinado a qualquer finalidade, em vez de apenas a financiamento de exportações e refinanciamento de compromissos já assumidos pelo setor privado no exterior.
A alteração foi anunciada logo depois de, pela terceira vez em pouco mais de um mês, o BC não ter recebido nenhuma proposta de empresas interessadas em receber empréstimos em dólar para refinanciar dívidas assumidas no exterior.
Já a linha para financiamento de exportações, lançada no fim do ano passado, tem tido mais demanda: desde o agravamento da crise financeira, o BC liberou US$ 10,6 bilhões com essa finalidade, segundo balanço fechado no dia 12 passado.
Com a liberalização das operações de socorro financeiro, o BC pode estimular o refinanciamento de dívidas, que poderão se valer do mecanismo -mais bem-sucedido, ao menos até o momento- usado no financiamento de exportações.
O dinheiro, das reservas oficiais em dólar, é colocado no mercado por meio de leilões, em que os bancos disputam quem paga os juros mais altos para receber o empréstimo em dólares do BC. Num segundo momento, as instituições se encarregam de repassar os recursos para os exportadores.
O mecanismo continua o mesmo. Os leilões prosseguem, mas não haverá mais a exigência de que os bancos usem esse dinheiro apenas no financiamento de exportações. O BC tem cerca de US$ 191 bilhões para essas operações.
Apesar da pouca demanda, permanecerá aberto aos interessados o mecanismo criado no mês passado para o refinanciamento de dívidas, que também tem como objetivo atenuar os efeitos da crise no mercado de câmbio. Nessa operação, a empresa que queira receber os dólares precisa procurar um banco que aceite intermediar a transação -o BC empresta os recursos à instituição financeira, que, por sua vez, os empresta para seu cliente.
Pelas regras do programa, o BC pode receber essas propostas a qualquer momento, e os dólares são liberados em datas preestabelecidas. Até agora, três dessas datas se passaram -a última, na sexta-feira passada- e ninguém formalizou interesse na operação. No anúncio da iniciativa, o BC estimou que poderia emprestar até US$ 36 bilhões, mas avaliou em cerca de US$ 20 bilhões a demanda por essa linha de crédito.
Segundo Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, o mercado comenta que as exigências do BC eram muito rígidas, o que diminuiria o interesse das empresas em participar da operação.


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