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COMBUSTÍVEIS
Redução será inferior a 10% na refinaria; consumidores podem não ser beneficiados se governo elevar Cide
Petrobras prepara corte no preço da gasolina
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Petrobras, José
Eduardo Dutra, afirmou ontem,
por intermédio de sua assessoria
de imprensa, que a estatal vai
"anunciar nos próximos dias a redução dos preços da gasolina e do
diesel" na refinaria. O percentual
de queda ainda não foi definido,
mas será de um dígito em ambos
os casos -ou seja, inferior a 10%.
O anúncio oficial se dará até o final deste mês. Será a primeira vez
no governo do PT que a Petrobras
mexe nos preços dos principais
derivados, mas ainda não é certo
se o aumento chegará ao consumidor. É que na semana passada a
ministra Dilma Rousseff (Minas e
Energia) informara que o governo poderia aproveitar a queda para aumentar a Cide (imposto federal dos combustíveis), sem repassar a redução às bombas. Os
recursos extras seriam usados para formar um "colchão", evitando
oscilações dos derivados.
"Quando o preço do barril de
petróleo estava subindo e o dólar
estava alto nós não aumentamos
o preço. Agora não iremos reduzir o preço", disse a ministra há
duas semanas.
Internamente na Petrobras, segundo a Folha apurou, é dado como certo que haverá o repasse ao
consumidor final nos casos da gasolina e do diesel. Já o gás de cozinha não terá seu preço modificado. É que o produto ficou por
muito tempo "congelado" e a Petrobrás ainda acumula perdas
com o combustível.
Segundo a estatal, o mercado internacional de petróleo está menos volátil com o final da guerra
contra o Iraque, o que permitiu
mudar os preços "com mais segurança" neste momento.
Especialistas apontam a queda
do dólar, de cerca de 15% no primeiro trimestre de 2002, como a
principal causa para a redução.
Para a gasolina, a expectativa é
que o preço de refinaria fique de
5% a 7% mais baixo. É mais ou
menos quanto o produto está
mais caro em relação ao mercado
internacional, já considerando a
variação cambial, diz Luiz Afonso
Lima, economista do banco BBV.
Lima afirmou que, se o preço da
Petrobras cair 5%, o valor nas
bombas terá uma redução um
pouco menor: 4%. Luiz Gil Siuffo,
presidente da Fecombustíveis (federação nacional dos postos), disse que o repasse ao consumidor
será quase integral, uma vez que a
concorrência entre os postos está
acirrada. Se a redução nas refinarias chegar a 10%, o preço no varejo caíra 9%, prevê.
Adriano Pires, do CBIE (Centro
Brasileiro de Infra-Estrutura),
disse que as reduções ainda não
ajustam os preços aos internacionais. A gasolina da Petrobras, diz,
é 22% mais cara do que no Golfo
do México, referência para o mercado brasileiro. No diesel, diz, a
distância é ainda maior: 42%.
A Petrobras informou que não
alterou os preços no início do ano
por ser um período de excepcionalidade e que os valores apresentados por Pires são "incompatíveis com a evolução de mercado".
Como ocorre em toda virada de
mês, os preços da nafta petroquímica, do óleo combustível e do
querosene de aviação também serão alterados. Nesses casos, a Petrobras já tem os percentuais praticamente definidos: as quedas serão de cerca de 30%, 15% e 20%,
respectivamente. São todos insumos industriais e as diminuições
podem ter impacto positivo na inflação no atacado, assim como a
do óleo diesel, que influencia os
custos dos fretes.
Para o IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor), que mede a inflação oficial do governo, o alívio
será pequeno. Lima, do BBV, estima um recuo de apenas 0,1 ponto
percentual, caso a gasolina tenha
seu preço reduzido em 5%. Pelas
projeções do economista, o IPCA
deve ficar em 0,5%, contra estimativa anterior de 0,6%. No ano,
o índice acumula alta de 5,13%.
O último aumento dos combustíveis ocorreu em 29 de dezembro. Na época, a gasolina subiu
12,8% -o reajuste teria sido negociado entre o governo FHC e a
equipe de transição petista.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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