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"HERMANOS"
Ao tornar banco acionista de agência andina, objetivo é fortalecer união entre sul-americanos para negociar Alca
BNDES vira base para unir América do Sul
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) deverá se transformar no
principal agente de fomento da
América do Sul. De acordo com o
que a Folha apurou, o BNDES irá
deter 20% de participação da CAF
(Corporación Andina de Fomento), o principal agente de investimentos da América do Sul.
Para adquirir sua participação
na CAF, o BNDES irá injetar US$
400 milhões na agência de fomento. Para ter uma idéia, esse valor
significa o total de investimentos
externos recebidos pelo Brasil no
mês passado.
Hoje, o Brasil detém uma participação de apenas 2,5% na CAF,
por meio do Tesouro Nacional,
que injetou US$ 50 milhões na
agência de fomento. Nos próximos dias, o Tesouro irá transferir
esses 2,5% de participação na
CAF para o BNDES.
A CAF é uma instituição financeira multilateral criada em 1970
encarregada de promover o desenvolvimento sustentável e a integração regional tanto no setor
público como no setor privado
nos países da América Latina e do
Caribe. Seus principais sócios são:
Bolívia, Colômbia, Equador, Peru
e Venezuela.
A decisão de o BNDES se tornar
um dos principais sócios da CAF
faz parte do projeto de integração
da América do Sul do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com o
objetivo de criar um bloco econômico forte para negociar a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas).
A integração econômica da
América do Sul será um dos principais temas da conversa de Lula
com o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, que desembarca
hoje no Brasil. Os dois presidentes
vão passar dois dias em Recife para discutir a estratégia desse acordo envolvendo os países sul-americanos.
Durante a visita de Chávez ao
Brasil, será anunciado o financiamento de US$ 1 bilhão do BNDES
à Venezuela para a compra de
produtos brasileiros.
Já na segunda-feira, o presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de
Lozada, virá ao Brasil com todo o
seu ministério também com o objetivo de negociar formas de viabilização do projeto de criação do
bloco sul-americano. O assunto
também foi o principal tema de
discussões de Lula com o presidente do Peru, Alejandro Toledo,
em sua visita recente ao Brasil.
A participação do BNDES na
CAF é apenas um dos projetos do
banco para ampliar sua participação na América do Sul. O banco
também está estudando, junto
com os países que formam o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai), a criação da Corporación Platina de Fomento, que sucederia o Fomplata, um fundo de
investimento dos países da bacia
do rio da Prata.
As conversas do BNDES com a
CAF já estão em passo bem mais
avançado. Já foram definidos inclusive os primeiros financiamentos da agência de fomento com o
apoio do BNDES. Serão investimentos de US$ 300 milhões para a
construção de rodovias ligando
Cuiabá (MT) a Santa Cruz de la
Sierra (Bolívia) e Corumbá (MT)
a Santa Cruz de la Sierra.
De acordo com o que a Folha
apurou, com o aumento da participação do BNDES na CAF, o Brasil também terá condições de receber mais financiamentos da
agência sul-americana de investimento. A CAF pode financiar até
quatro vezes mais do que o total
da participação do país. Como o
BNDES irá aplicar US$ 400 milhões, a CAF poderá investir até
US$ 1,6 bilhão no Brasil.
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