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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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"HERMANOS"

Ao tornar banco acionista de agência andina, objetivo é fortalecer união entre sul-americanos para negociar Alca

BNDES vira base para unir América do Sul

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deverá se transformar no principal agente de fomento da América do Sul. De acordo com o que a Folha apurou, o BNDES irá deter 20% de participação da CAF (Corporación Andina de Fomento), o principal agente de investimentos da América do Sul.
Para adquirir sua participação na CAF, o BNDES irá injetar US$ 400 milhões na agência de fomento. Para ter uma idéia, esse valor significa o total de investimentos externos recebidos pelo Brasil no mês passado.
Hoje, o Brasil detém uma participação de apenas 2,5% na CAF, por meio do Tesouro Nacional, que injetou US$ 50 milhões na agência de fomento. Nos próximos dias, o Tesouro irá transferir esses 2,5% de participação na CAF para o BNDES.
A CAF é uma instituição financeira multilateral criada em 1970 encarregada de promover o desenvolvimento sustentável e a integração regional tanto no setor público como no setor privado nos países da América Latina e do Caribe. Seus principais sócios são: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.
A decisão de o BNDES se tornar um dos principais sócios da CAF faz parte do projeto de integração da América do Sul do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de criar um bloco econômico forte para negociar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A integração econômica da América do Sul será um dos principais temas da conversa de Lula com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que desembarca hoje no Brasil. Os dois presidentes vão passar dois dias em Recife para discutir a estratégia desse acordo envolvendo os países sul-americanos.
Durante a visita de Chávez ao Brasil, será anunciado o financiamento de US$ 1 bilhão do BNDES à Venezuela para a compra de produtos brasileiros.
Já na segunda-feira, o presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada, virá ao Brasil com todo o seu ministério também com o objetivo de negociar formas de viabilização do projeto de criação do bloco sul-americano. O assunto também foi o principal tema de discussões de Lula com o presidente do Peru, Alejandro Toledo, em sua visita recente ao Brasil.
A participação do BNDES na CAF é apenas um dos projetos do banco para ampliar sua participação na América do Sul. O banco também está estudando, junto com os países que formam o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), a criação da Corporación Platina de Fomento, que sucederia o Fomplata, um fundo de investimento dos países da bacia do rio da Prata.
As conversas do BNDES com a CAF já estão em passo bem mais avançado. Já foram definidos inclusive os primeiros financiamentos da agência de fomento com o apoio do BNDES. Serão investimentos de US$ 300 milhões para a construção de rodovias ligando Cuiabá (MT) a Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) e Corumbá (MT) a Santa Cruz de la Sierra.
De acordo com o que a Folha apurou, com o aumento da participação do BNDES na CAF, o Brasil também terá condições de receber mais financiamentos da agência sul-americana de investimento. A CAF pode financiar até quatro vezes mais do que o total da participação do país. Como o BNDES irá aplicar US$ 400 milhões, a CAF poderá investir até US$ 1,6 bilhão no Brasil.


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