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G20 aprova medidas para controlar setor financeiro
Entre as ações, está a limitação a altas remunerações de executivos do setor
Mantega afirma que países como o Brasil, onde já há maior controle sobre as instituições, adotarão apenas medidas mais gerais
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Em comunicado conjunto divulgado ontem, o G20 (grupo
que reúne as 20 maiores economias do mundo) se comprometeu a levar a cabo, com vistas à
implementação nos próximos
dois anos, uma série de medidas para impedir que o setor financeiro volte a cometer os excessos que levaram à crise.
O comunicado do grupo deixa claro que os governos vão
perseguir tanto medidas para
limitar as "compensações" a
executivos quanto "regras internacionalmente aceitas que
elevem a quantidade e a qualidade das reservas de capital dos
bancos e que desencorajem a
tomada excessiva de riscos".
Os ministros do G20 se reuniram na sede do FMI (Fundo
Monetário Internacional). O
comunicado foi o mais incisivo
de seus membros desde o início
da crise na direção de uma convergência sobre a necessidade
de mudar o setor financeiro.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) disse que há um consenso de que a reforma do setor
financeiro deve ser feita. "O
momento é agora, porque as
instituições financeiras estão
voltando ao comportamento
anterior à crise, como se nada
tivesse acontecido", disse.
"Temos de aproveitar o momento para construir uma nova estrutura financeira mundial", afirmou o brasileiro. Ele
destacou que a reforma deve levar em conta as características
diferentes de cada país.
"Trabalhávamos com menos
alavancagem, não entramos
nos "subprimes" [empréstimos
de alto risco] e o setor de derivativos estava mais calmo. Temos que levar em conta essas
diferenças na reforma. Há mecanismos gerais, como diminuir a alavancagem, ou estabelecer limites para ela, mas, para
nossos países, isso é desnecessário porque neles a alvancagem já é baixa", disse.
Até o final deste ano, os países querem fechar um pouco
mais o leque de medidas. A
ideia é implementar as regras
completamente até o final de
2012, à medida que a crise for
ficando para trás.
O G20 também quer que o
FMI continue trabalhando em
sua proposta de criar uma taxação sobre o sistema financeiro
para eventualmente compensar os governos que tiveram
gastos excessivos com a crise
provocada pelos bancos.
"O FMI deve avançar nas opções para assegurar que as instituições financeiras de cada
país paguem o preço para compensar as extraordinárias intervenções estatais sempre que
elas ocorrerem; e evitar a tomada excessiva de riscos, sempre
considerando as circunstâncias
individuais de cada país", diz o
comunicado do G20.
No caso do Brasil, Mantega já
disse que a taxação talvez não
seja adequada. Mas o G20 ficou
de rediscutir o assunto em novo encontro, em junho.
"Onde há mais mais diferença é na taxação", disse Mantega.
"Há a insistência de alguns países, como o Reino Unido, que
faz questão dessa taxa. Os EUA
também. Os países que já têm
de certa forma uma taxação
maior sobre o capital financeiro, como é o caso do Brasil, que
têm obrigações que não existem em outros países -compulsório, direcionamento de
parte do crédito à agricultura-
não precisariam [da taxação]."
Outra medida acordada pelo
G20 é a criação de "câmaras de
compensação" para o registro
de operações hoje pouco transparentes e sem regras definidas, como as realizadas nos
mercados de derivativos.
Ao contrário do esperado, o
G20 não fez nenhuma referência ao pedido de ajuda financeira da Grécia ontem ou à necessidade de a China mudar seu
regime cambial, permitindo a
valorização de sua moeda.
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