São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Governo faz plantão para liberar itens importados

Boom nas vendas fez indústrias de Manaus elevar compras do exterior

Folha mostrou ontem que a Infraero e a Receita não têm dado conta de liberar volume de componentes e de produtos no aeroporto

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Receita Federal e a Infraero iniciaram ontem um plantão de 24 horas para agilizar nos próximos 20 dias o terminal de cargas importadas das indústrias no aeroporto de Manaus. A demora é provocada por um boom -acima do previsto, mesmo para um ano com Copa do Mundo- nas vendas de celulares, TVs e notebooks.
Receita e Infraero consideram o volume de componentes importados atípico. A Folha visitou ontem o Teca (terminal de carga) 3, o maior do aeroporto. A capacidade de 12 mil toneladas/mês estava esgotada. Há cerca de 5.000 toneladas de eletroeletrônicos no pátio do aeroporto. Foram colocadas lonas sobre as caixas de mercadorias para não molhá-las, devido às chuvas da região.
Reportagem da Folha publicada ontem mostrou que, segundo os fabricantes de TVs, a Infraero (estatal que administra aeroportos) e a Receita Federal não têm dado conta do registro e da liberação do volume maior de componentes e produtos que chega diariamente ao aeroporto. A situação provocou atraso na produção e nas vendas dos produtos.
Com 62 servidores no aeroporto, a Receita Federal criou um terceiro horário para agilizar o fluxo das cargas do desembaraço automático. "Nas atividades da Receita não há gargalo na liberação de cargas, mas entendendo que somos parte dessa cadeia logística e adotamos o plantão", afirmou o inspetor Renato Casto.
Com o plantão, a Infraero ampliou de 297 para 380 o número de empregados (efetivos e terceirizados) que trabalham no manuseio e na liberação das mercadorias nos terminais.
O superintendente do órgão no aeroporto, Rubem Ferreira Lima, disse que causou surpresa o crescimento das importações no trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, inicialmente previsto pelas empresas de Manaus para 30%. A alta acabou sendo de 212%. Em 30 de março, por exemplo, chegaram nove aviões de uma vez só.
Ontem, a Infraero solicitou à Anac que não permitisse voos charter para Manaus que não tivessem prévia anuência da superintendência como forma de conter o congestionamento de aeronaves e cargas.
Flávio Dutra, diretor da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), disse que o crescimento anormal das importações é resultado da retomada da atividade econômica, após a crise.
"O mercado de repente bombou, graças a Deus", disse.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, o crescimento das vendas ainda não resultou no aumento do número do número de empregos.


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