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FINANÇAS
Para Ministério Público, Banco do Nordeste apresenta irregularidades
Direção do BNB é acusada de fraude
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
denunciou o presidente do Banco
do Nordeste do Brasil (BNB),
Byron Queiroz, e outros seis dirigentes da instituição por gestão
fraudulenta, omissão contábil e
formação de quadrilha.
A denúncia é uma acusação formal apresentada pelo Ministério
Público à Justiça. A ação foi protocolada anteontem na Justiça Federal de Fortaleza. Byron Queiroz
tem como padrinho político o ex-governador cearense Tasso Jereissati (PSDB), que o indicou para o
cargo em 1995. O Ministério Público acusa o BNB de favorecer
empresários cearenses com empréstimos que, na prática, não
têm vencimento.
Com base em dois relatórios de
fiscalização do Banco Central
(BC), o MP disse à Justiça Federal
ter descoberto "gravíssimas irregularidades perpetradas pelos denunciados na administração das
carteiras de crédito do BNB do
quadriênio 1997/2000".
"Trata-se de diversas fraudes
promovidas para beneficiar os
grandes devedores inadimplentes
e encobrir a real situação patrimonial atravessada pela instituição financeira", diz a ação, obtida
pela Folha.
A denúncia é assinada pelos
procuradores da República José
Gerim Cavalcante, Lino Menezes,
Geraldo Tavares e Fernando Damasceno, todos de Fortaleza.
Segundo os procuradores, o BC
determinou ao BNB que aumentasse suas provisões para créditos
duvidosos em R$ 5,6 bilhões.
O BNB, disseram os procuradores, "só não foi à bancarrota" por
ter recebido injeção de recursos
da União.
Relatório de fiscalização do BC,
que analisou parte da carteira de
empréstimos do BNB, concluiu:
"Existem por volta de 20 mil operações do BNB vencidas há mais
de 360 dias, com saldo de R$ 78
milhões, inscritas em atraso ou
em normalidade, revelando que a
transferência não está sendo automática por falha de sistema ou
ação humana".
Segundo o mesmo documento,
"foi detectada insuficiência de
provisões para créditos de liquidação duvidosa. A situação real é
que a maioria das operações tem
garantias insuficientes à cobertura do saldo devedor".
Avaliação imprecisa
A classificação de risco dada a
algumas empresas, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público, era muito benevolente. Uma empresa com dívida de
R$ 14,8 milhões estava classificada pelo BNB como de risco A (um
dos menores na escala financeira)
e o BC a qualificava como H (um
dos piores).
Além de Byron Queiroz, foram
denunciados também os diretores Ernani Melo, Osmundo Rebouças, Raimundo Carneiro Sobrinho e Marcelo Bonfim, o superintendente Antônio Menezes e o
gerente Ivo Lemos.
O Ministério Público indicou
como suas testemunhas a diretora
de Fiscalização do BC, Tereza
Grossi, e nove técnicos que subscreveram relatórios de auditoria.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do BNB disse
que nem o banco nem os dirigentes citados pretendiam manifestar-se antes de receberem citação
judicial, o que não teria ocorrido
até ontem à noite.
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