São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Grupo dos países mais ricos teme que alta no preço do barril comprometa o crescimento da economia global

G7 pede aumento na produção de petróleo

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo) pediu ontem que os países produtores de petróleo aumentem a oferta do produto e tragam o preço do barril "a níveis compatíveis com uma duradoura prosperidade e estabilidade econômica no mundo".
Reunidos em Nova York, os representantes das pastas econômicas de EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão divulgaram uma nota ontem em que afirmam que "preços mais baixos de petróleo" trariam benefícios para toda a economia mundial. Na última semana, o preço do barril superou a marca dos US$ 40 em Nova York, atingindo recordes históricos.
Em entrevista coletiva após a divulgação do documento, o secretário do Tesouro americano, John Snow, afirmou que a queda do preço do produto é essencial para a manutenção do bom cenário econômico global atual. Segundo documento do encontro, as taxas de crescimento da economia mundial são "as melhores dos últimos 15 anos".
"É vital que os produtores de petróleo acomodem a oferta [do produto] para garantir que os preços fiquem em níveis capazes de promover um forte crescimento econômico mundial", declarou Snow.
No documento final, os responsáveis pelas pastas econômicas saúdam "os recentes anúncios de alguns produtores de petróleo de aumento de produção".
A Arábia Saudita, maior produtor individual de petróleo do mundo, fez a proposta de que os países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentem em cerca de 10% a oferta do produto, embora haja oposição à idéia entre membros da organização. O país declarou ainda que pretende tomar a ação mesmo que ela não seja aceita por outros integrantes da Opep.
Analistas avaliam que o anúncio de um aumento individual de produção por parte da Arábia Saudita pode suavizar a alta recente nos preços do petróleo, mas será incapaz de reduzir significativamente o valor atual.
O ministro saudita do petróleo, Ali Naimi, afirmou que um preço do barril entre US$ 30 e US$ 40 não ameaçaria o crescimento econômico mundial. "O mercado receberia bem [o valor de] US$ 35, porque teme [um preço de] US$ 50, e nós também", disse Naimi.
O secretário do Tesouro americano, no entanto, declarou que, embora não tenha sido discutido um valor específico na reunião do G7, havia "sensação generalizada" de que o valor ideal seria entre US$ 22 e US$ 28.
Durante um encontro informal da Opep em Amsterdã, países-membros se mostraram insatisfeitos com a proposta unilateral da Arábia Saudita (leia texto ao lado). Os ministros do cartel só aceitam discutir um aumento na reunião do dia 3 de junho, em Beirute (Líbano).

Outras preocupações
O documento final dos ministros econômicos do G7 também afirma que os países ricos estão dispostos a facilitar remessas de dinheiro das economias centrais para os países pobres, por meio da superação de "impedimentos institucionais".
Propõe ainda reformas no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial que permitam que essas instituições financeiras alcancem o objetivo de promover "estabilidade econômica e financeira, incentivar o crescimento econômico e combater a pobreza".


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