São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Mulheres puxam alta do setor de cartão de crédito

Banco tenta agora atrair clientela de menor renda

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As mulheres acabam de ultrapassar os homens em número de titulares de cartão de crédito no país. Ao final do primeiro trimestre deste ano, elas passaram a representar 50,2% desse mercado, ante uma participação de 49,6% no mesmo período de 2006 -crescimento impulsionado principalmente pelas consumidoras entre 18 e 34 anos de idade, que passaram de 35% das usuárias em 2006, para 37% neste ano.
Os dados são de pesquisa realizada pelo Banco Itaú com 6.000 usuários de cartão em todas as regiões do país. "Nossa expectativa é que o ritmo de crescimento se mantenha até o final do ano e as mulheres atinjam a participação de 45,9% do total da indústria de cartões", afirma Fernando Chacon, diretor de marketing de cartões da instituição financeira.
"Confirmada essa estimativa, teremos aumento de 21% de crescimento do volume movimentado pelas mulheres, desempenho acima do previsto para o mercado total, que deverá avançar 20%."
O Itaú, que tem cerca de 40% de sua clientela de cartão formada por não-correntistas, anunciou que dará foco à venda do produto à população economicamente ativa que não possui comprovante de renda e ou de residência. O sistema já está em teste no mercado e utiliza a venda de título de capitalização para compor uma garantia contra a inadimplência e composição de um histórico de pontuação do comportamento do cliente para definir o limite de crédito oferecido e da taxa de juros praticada.
Segundo Chacon, o sistema já é conhecido no mercado norte-americano, onde é voltado para pessoas negativadas no sistema de crédito. "Adaptado à realidade brasileira, atingirá um público de 30 milhões de consumidores que estão fora do atual público de cartões."
O foco na população de renda menor pode ser uma saída para o atual acirramento da disputa dos bancos pelo público de maior poder aquisitivo, opina o analista da agência Austin Rating Luís Miguel Santacreu. "Não adianta ficar disputando o mesmo nicho. Chegamos a um momento no país em que, para ganhar dinheiro, é preciso atingir a população mais carente", afirmou.
Segundo ele, essa pode ser uma "maneira inteligente" de o país aumentar a proporção da oferta de crédito em relação ao PIB, hoje em torno de 30%, enquanto economias mais adiantadas chegam ao dobro desse índice, caso do Chile. "A equação risco versus retorno, porém, tem que ser trabalhada com eficiência pois os juros são altos [para remunerar a operação], mas o risco também."


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