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Mulheres puxam alta do setor de cartão de crédito
Banco tenta agora atrair clientela de menor renda
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As mulheres acabam de ultrapassar os homens em número de titulares de cartão de crédito no país. Ao final do primeiro trimestre deste ano, elas passaram a representar 50,2% desse mercado, ante uma participação de 49,6% no mesmo período de 2006 -crescimento
impulsionado principalmente
pelas consumidoras entre 18 e
34 anos de idade, que passaram
de 35% das usuárias em 2006,
para 37% neste ano.
Os dados são de pesquisa realizada pelo Banco Itaú com
6.000 usuários de cartão em todas as regiões do país. "Nossa
expectativa é que o ritmo de
crescimento se mantenha até o
final do ano e as mulheres atinjam a participação de 45,9% do
total da indústria de cartões",
afirma Fernando Chacon, diretor de marketing de cartões da
instituição financeira.
"Confirmada essa estimativa, teremos aumento de 21% de
crescimento do volume movimentado pelas mulheres, desempenho acima do previsto
para o mercado total, que deverá avançar 20%."
O Itaú, que tem cerca de 40%
de sua clientela de cartão formada por não-correntistas,
anunciou que dará foco à venda
do produto à população economicamente ativa que não possui comprovante de renda e ou
de residência. O sistema já está
em teste no mercado e utiliza a
venda de título de capitalização
para compor uma garantia contra a inadimplência e composição de um histórico de pontuação do comportamento do
cliente para definir o limite de
crédito oferecido e da taxa de
juros praticada.
Segundo Chacon, o sistema
já é conhecido no mercado norte-americano, onde é voltado
para pessoas negativadas no
sistema de crédito. "Adaptado à
realidade brasileira, atingirá
um público de 30 milhões de
consumidores que estão fora
do atual público de cartões."
O foco na população de renda
menor pode ser uma saída para
o atual acirramento da disputa
dos bancos pelo público de
maior poder aquisitivo, opina o
analista da agência Austin Rating Luís Miguel Santacreu.
"Não adianta ficar disputando
o mesmo nicho. Chegamos a
um momento no país em que,
para ganhar dinheiro, é preciso
atingir a população mais carente", afirmou.
Segundo ele, essa pode ser
uma "maneira inteligente" de o
país aumentar a proporção da
oferta de crédito em relação ao
PIB, hoje em torno de 30%, enquanto economias mais adiantadas chegam ao dobro desse
índice, caso do Chile. "A equação risco versus retorno, porém, tem que ser trabalhada
com eficiência pois os juros são
altos [para remunerar a operação], mas o risco também."
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