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Bancos defendem leilão para Nossa Caixa
Instituições privadas, no entanto, ainda não falam em contestar o negócio entre os governos Serra e Lula na Justiça
Bancos privados afirmam que mantêm interesse na Nossa Caixa mesmo se perderem R$ 16 bilhões em depósitos judiciais no banco
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Descontentes com os rumos
das negociações exclusivas entre Banco do Brasil e Nossa Caixa, os principais bancos privados no país -Itaú, Bradesco,
Santander e Unibanco- vieram a público ontem defender
um leilão de venda aberto a todos os interessados, sejam instituições públicas ou privadas.
Na visão dos bancos, a concorrência é um mecanismo
transparente para venda de um
bem público e garantiria o melhor valor possível tanto para o
governo paulista quanto para
os milhares de acionistas, como
aconteceu na privatização do
Banespa, que teve ágio de 281%.
Os bancos contestam o entendimento dos governos federal e paulista de que a incorporação prescinde de uma licitação. Argumentam que o banco
tem economia mista -reúne o
Tesouro Nacional e acionistas.
Dizem ainda que o BB disputa
cliente e mercado nas mesmas
praças que as demais instituições. Mesmo assim, nenhum
deles cogita, até agora, entrar
com uma ação na Justiça.
Lázaro Brandão, presidente
do conselho do Bradesco, e Roberto Setubal, presidente do
Itaú, os dois maiores bancos
privados, afirmaram que também têm interesse na Caixa.
"O leilão traz as coisas às claras, como o preço correto, que
seria formado a partir da concorrência entre os interessados. As regras de mercado devem prevalecer, com a realização de uma licitação. O BB é um
candidato forte, mas não se pode eliminar o direito à concorrência", diz Brandão, em nota.
"O Unibanco tem interesse
na Nossa Caixa. Estimamos
que [o banco] aumentaria em
pelo menos 40% a nossa presença no Estado de São Paulo",
afirma Marcio Schettini, vice-presidente do Unibanco.
O Santander, que comprou o
ABN Real no ano passado, reconhece em nota como "legítimo"
o interesse do BB. "Porém, um
negócio desse porte deveria ter
regras que levassem em conta a
participação, por meio de leilão, de todos os bancos, tornando o processo mais transparente para milhares de acionistas."
Ceres Lisboa, analista de
bancos da agência Moody"s de
classificação de riscos, vê o BB
como grande beneficiado pela
incorporação e afirma que os
demais bancos terão de se mexer para manter seu posicionamento em São Paulo.
Para os bancos privados, o interesse pela Nossa Caixa não é
menor nem com a possibilidade de perder R$ 16 bilhões em
depósitos judiciais que, pela legislação, devem permanecem
em bancos oficiais. Na verdade,
eles contestam essa interpretação e lembram que, quando
compraram bancos em privatização nos Estados do Rio, Minas e Amazonas, os depósitos
judiciais permaneceram com
eles durante um bom tempo.
No ano passado, os Tribunais
de Justiça do Rio e de Minas
Gerais decidiram licitar esses
depósitos, mas a concorrência
foi contestada pelo BB, sob argumento de que as contas deveriam permanecer em um banco
oficial. O Bradesco, que venceu
as licitações, tenta exercer o direito de ter os depósitos repassados para suas contas.
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