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RECEITA ORTODOXA
Analistas dizem que governo não terá dificuldade para atingir alvo
Para economistas, nova meta de inflação é realista
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As metas de inflação para os
próximos dois anos são "realistas", e o governo não deve ter dificuldades para atingi-las, dizem
analistas ouvidos pela Folha.
Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional), anunciou as
metas de inflação para os anos de
2006 e 2007. O centro da meta ficou em 4,5%, taxa já esperada por
analistas de consultorias e do
mercado financeiro.
"Havia uma tênue expectativa
de que a margem de tolerância
pudesse mudar. Mas o anúncio
não surpreendeu", afirma Luis
Fernando Lopes, economista do
Banco Pátria.
Já em 2005, diz Alexandre Maia,
analista da Gap Asset Management, ficará mais fácil para o Banco Central fazer a inflação convergir para a meta definida pelo governo. O ano começará como
uma inflação em 12 meses em torno de 6%, caso confirmadas as
previsões da maioria dos especialistas. Para chegar ao centro da
meta, o BC terá que reduzi-la em
1,5 ponto percentual, cenário bem
menos complicado do que o do
início de 2005.
No início deste ano, a inflação
acumulada em 12 meses era de
7,41% e chegou a um pico de
8,07% em abril. Para levar a taxa a
convergir para o centro da meta,
que era de 4,5% também, o BC teria que "acabar" com 3,5 pontos
percentuais de inflação, tarefa
bem mais difícil do que a que a
autoridade monetária terá no
próximo ano.
O próximo ano também começará com a economia em menor
ritmo do que no início deste ano e
com taxas de juros relativamente
maiores, ou seja, as pressões inflacionárias serão menores, apesar
de a atividade tender a crescer ao
longo do ano. "Assumindo que a
inflação fique em 6% neste ano,
haverá também um alívio em relação aos preços administrados. O
governo não terá que promover
uma tremenda desaceleração para compensar a alta [dos preços
administrados]", completa Alexandre Maia.
Heron do Carmo, presidente do
Corecon-SP (Conselho Regional
de Economia de São Paulo), diz
que as metas dos próximos anos
são "perfeitamente factíveis e
prudentes". Factíveis, diz ele, porque já em maio é provável que os
índices de inflação mais importantes estejam registrando taxas
abaixo dos 5%, muito próximas,
portanto, à meta do CMN. Prudentes porque mantêm a mesma
meta para um ano pós-eleitoral,
em que a tarefa fica para o próximo governo.
Ele lembra que o primeiro semestre de 2005 foi recheado de
problemas extraordinários: inflação de commodities no mercado
internacional, quebra de safras,
pressões fortes dos preços administrados. Problemas, diz Heron,
que não devem se repetir em
2006, pelo menos não com a mesma intensidade, em alguns casos.
Para o economista do Corecon,
o BC poderá deixar de lado o que
ele chama de "ativismo" na política monetária, ou seja, mudanças
muito freqüentes das taxas de juros. "O comportamento poderá
passar a ser mais suave, como é
comum com os BCs dos países
desenvolvidos", diz ele.
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