São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Analistas dizem que governo não terá dificuldade para atingir alvo

Para economistas, nova meta de inflação é realista

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As metas de inflação para os próximos dois anos são "realistas", e o governo não deve ter dificuldades para atingi-las, dizem analistas ouvidos pela Folha.
Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional), anunciou as metas de inflação para os anos de 2006 e 2007. O centro da meta ficou em 4,5%, taxa já esperada por analistas de consultorias e do mercado financeiro.
"Havia uma tênue expectativa de que a margem de tolerância pudesse mudar. Mas o anúncio não surpreendeu", afirma Luis Fernando Lopes, economista do Banco Pátria.
Já em 2005, diz Alexandre Maia, analista da Gap Asset Management, ficará mais fácil para o Banco Central fazer a inflação convergir para a meta definida pelo governo. O ano começará como uma inflação em 12 meses em torno de 6%, caso confirmadas as previsões da maioria dos especialistas. Para chegar ao centro da meta, o BC terá que reduzi-la em 1,5 ponto percentual, cenário bem menos complicado do que o do início de 2005.
No início deste ano, a inflação acumulada em 12 meses era de 7,41% e chegou a um pico de 8,07% em abril. Para levar a taxa a convergir para o centro da meta, que era de 4,5% também, o BC teria que "acabar" com 3,5 pontos percentuais de inflação, tarefa bem mais difícil do que a que a autoridade monetária terá no próximo ano.
O próximo ano também começará com a economia em menor ritmo do que no início deste ano e com taxas de juros relativamente maiores, ou seja, as pressões inflacionárias serão menores, apesar de a atividade tender a crescer ao longo do ano. "Assumindo que a inflação fique em 6% neste ano, haverá também um alívio em relação aos preços administrados. O governo não terá que promover uma tremenda desaceleração para compensar a alta [dos preços administrados]", completa Alexandre Maia.
Heron do Carmo, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), diz que as metas dos próximos anos são "perfeitamente factíveis e prudentes". Factíveis, diz ele, porque já em maio é provável que os índices de inflação mais importantes estejam registrando taxas abaixo dos 5%, muito próximas, portanto, à meta do CMN. Prudentes porque mantêm a mesma meta para um ano pós-eleitoral, em que a tarefa fica para o próximo governo.
Ele lembra que o primeiro semestre de 2005 foi recheado de problemas extraordinários: inflação de commodities no mercado internacional, quebra de safras, pressões fortes dos preços administrados. Problemas, diz Heron, que não devem se repetir em 2006, pelo menos não com a mesma intensidade, em alguns casos.
Para o economista do Corecon, o BC poderá deixar de lado o que ele chama de "ativismo" na política monetária, ou seja, mudanças muito freqüentes das taxas de juros. "O comportamento poderá passar a ser mais suave, como é comum com os BCs dos países desenvolvidos", diz ele.


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