São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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INDÚSTRIA

Assessor de Lula defende recursos do BNDES para empresas do vizinho

Fiesp critica ajuda para argentinos

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O diretor de relações internacionais da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Roberto Giannetti da Fonseca, criticou ontem, durante um seminário em Buenos Aires, a possibilidade aventada pelo governo brasileiro de ajudar empresas da Argentina via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Fonseca fez a crítica logo depois de a idéia ser defendida pelo assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. "O conselho do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador] aprovaria isso? Temos que tomar cuidado com promessas que não sei se poderemos cumprir depois", disse o diretor.
Ele ressaltou ainda que, das 20 mil empresas brasileiras exportadoras, apenas cerca de 500 possuem financiamento do banco. Os argentinos reclamam que os brasileiros são mais beneficiados na relação comercial porque contam com ajuda do governo. "Na verdade as assimetrias são todas desfavoráveis ao Brasil. Temos uma carga tributária elevadíssima, câmbio pior para exportações e juros elevados".
Do lado argentino, também houve afirmações fortes no 2º Seminário Regional Brasil/ Argentina, organizado pelo Centro de Estudos Bonarenses. O secretário da Indústria e Comércio argentino, Miguel Peirano, declarou que, se em duas semanas não houver um acordo no setor de calçados, o governo do país vizinho deve aplicar medidas unilaterais para restringir a entrada do produto.
Anteontem, Argentina e Brasil concordaram em prorrogar por mais seis meses a cota imposta para restringir as vendas externas brasileiras de fogões ao país vizinho. O acordo atual vencia no dia 30 de junho. O teto acordado é de 50 mil unidades neste ano.
Além de defender financiamento do BNDES para empresas na Argentina, inclusive para as de capital estrangeiro, Garcia fez referência ao reclamo argentino de investimentos equilibrados na região. O assessor declarou que não se pode impor às empresas códigos de conduta.
Ele se declarou favorável a que Brasil e Argentina defendam um único candidato à presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O Brasil apóia o economista João Sayad para o cargo, enquanto o presidente argentino, Néstor Kirchner, afirmou que um nome possível é o do economista Aldo Ferrer.


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