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MERCADO TENSO
Ieltsin diz que crise alcançou "proporções alarmantes" e ameaça contra possível resistência a pacote
Governo russo apresenta plano anticrise
das agências internacionais
O governo russo apresentou ontem o programa anticrise com o
qual pretende convencer o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
a liberar um pacote de ajuda de até
US$ 15 bilhões.
Ieltsin advertiu ontem que a crise financeira na Rússia já havia alcançado "proporções alarmantes" e estava provocando "extrema tensão social".
Uma missão do FMI está em
Moscou desde a segunda-feira para negociar com autoridades locais. O FMI, que pressiona a Rússia a realizar reformas, ainda não
liberou a remessa de US$ 670 milhões que integra o pacote de US$
9,2 bilhões definido em 1996.
O programa anticrise, criado pelo premiê russo, Serguei Kirienko,
inclui cortes no Orçamento, redução dos juros -as taxas atuais são
de 60%-, diminuição do endividamento do governo e criação de
novos impostos regionais para aumentar a arrecadação.
O plano do governo contra a crise foi apresentado em uma sessão
especial que ocorreu na sede do
governo e contou com a presença
de deputados e governadores.
Ieltsin fez ameaças contra uma
possível tentativa de bloquear o
plano. "Se as medidas não forem
adotadas, tomaremos outras determinações", disse.
O presidente russo afirmou que
as leis vinculadas ao programa de
estabilização financeira deverão
ser aprovadas antes do recesso
parlamentar, que começa oficialmente no dia 16 de julho.
Kirienko também fez declarações enfáticas durante a reunião
de ontem. O premiê disse que, se a
Rússia não conseguir arrecadar
normalmente os impostos, terá de
"deixar de falar de democracia".
A fraude fiscal é apontada como
um dos principais problemas da
economia do país.
"Ou o governo consegue estabelecer as bases de sua política fiscal,
com a qual poderá comandar uma
sociedade democrática, ou deixa
de falar de democracia", disse Kirienko.
Ontem, Anatoli Chubais, representante do governo russo junto
às instituições financeiras internacionais, confirmou que o país está
solicitando ajuda entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões ao FMI, ao
Banco Mundial, a bancos e governos externos. Segundo ele, as negociações com o FMI "não eram
tão simples".
Chubais disse que a Rússia não
concordava com condições impostas pelo organismo internacional, entre as quais algumas relacionadas ao setor de energia do
país. Ele não informou detalhes
sobre as divergências.
A Rússia precisa de ajuda financeira para aumentar suas reservas
externas e garantir a estabilidade
do rublo, a moeda local.
O governo russo deve honrar dívidas que vencem até o final do
ano e alcançam aproximadamente
US$ 30 bilhões.
A Bolsa russa teve ontem uma
pequena alta de 0,14%. Desde o
começo do ano, o mercado acionário do país acumula cerca de
55% de perdas.
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