São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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MERCADO TENSO
Ieltsin diz que crise alcançou "proporções alarmantes" e ameaça contra possível resistência a pacote
Governo russo apresenta plano anticrise

das agências internacionais

O governo russo apresentou ontem o programa anticrise com o qual pretende convencer o FMI (Fundo Monetário Internacional) a liberar um pacote de ajuda de até US$ 15 bilhões.
Ieltsin advertiu ontem que a crise financeira na Rússia já havia alcançado "proporções alarmantes" e estava provocando "extrema tensão social".
Uma missão do FMI está em Moscou desde a segunda-feira para negociar com autoridades locais. O FMI, que pressiona a Rússia a realizar reformas, ainda não liberou a remessa de US$ 670 milhões que integra o pacote de US$ 9,2 bilhões definido em 1996.
O programa anticrise, criado pelo premiê russo, Serguei Kirienko, inclui cortes no Orçamento, redução dos juros -as taxas atuais são de 60%-, diminuição do endividamento do governo e criação de novos impostos regionais para aumentar a arrecadação.
O plano do governo contra a crise foi apresentado em uma sessão especial que ocorreu na sede do governo e contou com a presença de deputados e governadores.
Ieltsin fez ameaças contra uma possível tentativa de bloquear o plano. "Se as medidas não forem adotadas, tomaremos outras determinações", disse.
O presidente russo afirmou que as leis vinculadas ao programa de estabilização financeira deverão ser aprovadas antes do recesso parlamentar, que começa oficialmente no dia 16 de julho.
Kirienko também fez declarações enfáticas durante a reunião de ontem. O premiê disse que, se a Rússia não conseguir arrecadar normalmente os impostos, terá de "deixar de falar de democracia". A fraude fiscal é apontada como um dos principais problemas da economia do país.
"Ou o governo consegue estabelecer as bases de sua política fiscal, com a qual poderá comandar uma sociedade democrática, ou deixa de falar de democracia", disse Kirienko.
Ontem, Anatoli Chubais, representante do governo russo junto às instituições financeiras internacionais, confirmou que o país está solicitando ajuda entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões ao FMI, ao Banco Mundial, a bancos e governos externos. Segundo ele, as negociações com o FMI "não eram tão simples".
Chubais disse que a Rússia não concordava com condições impostas pelo organismo internacional, entre as quais algumas relacionadas ao setor de energia do país. Ele não informou detalhes sobre as divergências.
A Rússia precisa de ajuda financeira para aumentar suas reservas externas e garantir a estabilidade do rublo, a moeda local.
O governo russo deve honrar dívidas que vencem até o final do ano e alcançam aproximadamente US$ 30 bilhões.
A Bolsa russa teve ontem uma pequena alta de 0,14%. Desde o começo do ano, o mercado acionário do país acumula cerca de 55% de perdas.



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