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DOSE HOMEOPÁTICA
BC reduz taxa Selic de 26% para 24,5%; mercado financeiro e setor empresarial esperavam mais
Corte nos juros desaponta setor produtivo
DA REDAÇÃO
O Copom (Comitê de Política
Monetária) cortou ontem a taxa
básica de juros em 1,5 ponto percentual. Com a medida, a Selic
passa a 24,5% ao ano. O Banco
Central não adotou viés (tendência) até sua próxima reunião, em
agosto, nem alterou o percentual
de recolhimento compulsório
que exige dos bancos. A decisão
foi tomada por unanimidade pelos integrantes do comitê.
Embora o corte de 1,5 ponto fosse esperado por bancos e corretoras, foi considerado tímido e insuficiente por entidades empresariais, que, citando a queda generalizada de preços, viam espaço para um recuo de até quatro pontos
percentuais na Selic.
"Esse excesso de zelo ameaça
agravar o quadro atual de desemprego e deteriorar ainda mais a
saúde financeira das empresas",
diz nota divulgada pela Federação
das Indústrias de São Paulo. "Ainda não vimos o fundo do poço."
Até Wall Street, berço do conservadorismo financeiro, considerou tímida a decisão. "É fato
que as taxas de juros no Brasil seguem muito altas. A economia se
beneficiaria com taxas mais baixas", disse Luiz Ernesto Martinez-Alas, da agência de classificação
de risco Moody's.
O empresário Antônio Ermírio
de Moraes afirmou que a queda
dos juros foi "um colírio para os
olhos, mas é pouco".
Referindo-se ao BC, o ministro
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) disse que "ninguém esperava de um órgão sempre caracterizado pelo conservadorismo uma ação que não estivesse de
acordo com a tradição".
Já Antonio Palocci Filho (Fazenda) foi otimista. "A inflação
continua caindo, os juros continuam caindo e os indicadores
brasileiros continuam melhorando. Nós acreditamos que o Brasil
vai terminar o ano crescendo."
Segundo pesquisa da Anefac,
entidade que reúne executivos financeiros, o tomador final de crédito praticamente não sentirá alívio com a redução. Para as pessoas jurídicas, os juros médios
anuais devem cair de 82% para
80% com a redução da Selic. Para
as pessoas físicas, a taxa média deverá passar de 164,7% para
161,8%.
Foi a primeira vez em quase sete
meses de mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que o BC
reduziu os juros para uma taxa inferior à deixada por FHC.
Quando Lula assumiu, a taxa estava em 25%. Em janeiro, foi elevada para 25,5% ao ano. Em fevereiro, voltou a subir, para 26,5%,
consolidando uma política de caráter fortemente recessivo para
conter a alta da inflação. O BC
manteve a taxa inalterada em
março, abril e maio -período em
que a inflação foi debelada.
No mês passado, ocorreu a primeira queda dos juros -0,5 ponto percentual. Ontem, a redução
foi um pouco mais agressiva. O
órgão não promovia um corte de
1,5 ponto na taxa Selic desde junho de 1999, quando o Brasil ainda se recuperava da crise cambial.
Para explicar a decisão de ontem, a diretoria do BC divulgou a
seguinte nota: "As projeções de
inflação continuam a indicar convergência para a trajetória das
metas. Em razão disso, o Copom
decidiu, por unanimidade, fixar a
taxa Selic em 24,5% ao ano".
A redução da Selic não chegou a
sacudir o mercado financeiro. A
Bovespa fechou com baixa de
0,26%. O dólar subiu 0,49% e encerrou o dia cotado a R$ 2,897.
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