JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Jaques Wagner (Trabalho) afirmou que o governo, as montadoras e os sindicatos estão discutindo um "caminho" para atenuar a crise do setor automotivo, que anunciou novas demissões nesta semana. Ele insinuou que medidas a serem adotadas pelo governo dependem também de um "gesto" das empresas.
"Os passos têm de ser concomitantes", declarou o ministro, lembrando que o setor recentemente promoveu um aumento de preços. "Qualquer setor em dificuldade tem entre suas hipóteses de solução uma redução de preços para desovar os produtos", disse.
Estão no cardápio de discussões entre o governo e o setor temas como redução de impostos, maiores facilidades de financiamento e redução de preços. "Mas, se for ter medidas para o setor automotivo, o governo não irá fazer um pré-anúncio. Ou a gente anuncia ou não terá", completou.
O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) reafirmou que o governo está preocupado com o assunto. "Estamos analisando alternativas", declarou. "Há muitas propostas. Vamos instalar o Fórum do Setor Automotivo para harmonizar essas declarações, que têm sido contraditórias." O fórum não tem data para ser instalado e contará com a participação do governo, das montadoras e dos sindicatos.
O governo está preocupado com o vazamento de informações sobre o provável pacote de ajuda, pois isso aumenta as expectativas e as pressões em relação ao socorro. Os ministros envolvidos na negociação passaram a adotar mais cautela ao tratar do assunto.
"No fundo, o que sabemos concretamente é que existe um problema no setor que está muito ligado à capacidade do brasileiro de adquirir produtos. Isso está ligado a preços, à renda disponível, à taxa de juros e a condições de financiamento", disse Furlan.
A Folha apurou que setores do governo acham que as montadoras tentam pressionar o Executivo com o anúncio de demissões para obter medidas emergenciais, como redução de impostos.


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