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TRIBUTOS
Segundo o ministro Palocci, tabela do Imposto de Renda pode receber modificações "para favorecer quem ganha menos"
Governo quer nova alíquota do IR em 2005
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) admitiu ontem a
possibilidade de criar mais uma
alíquota na tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física)
a partir do ano que vem.
Atualmente, existe um limite de
isenção e duas outras faixas, sobre
as quais incidem as alíquotas de
15% e 27,5%.
"O imposto pode ter um número maior de alíquotas. Cinco eu
não acho adequado. Mas pode ter
uma alíquota a mais para favorecer quem ganha menos", disse
Palocci depois de cerimônia em
que foi assinada a medida provisória do redutor de R$ 100 para o
IRPF.
A Receita Federal já vinha estudando a possibilidade de criar
duas novas alíquotas, uma de
35% e outra de 5%, mas o ministro da Fazenda não falou em percentuais ontem.
O ministro disse também que o
governo prepara redução da alíquota do Imposto de Renda sobre
as aplicações de renda fixa e renda
variável (ações). A idéia é incentivar a poupança de longo prazo
dando incentivos para que os investidores mantenham suas aplicações por mais tempo.
"Esse é um benefício extremamente importante para o mercado de ações no Brasil, vai fortalecer o mercado de capitais", disse.
Tabela
O governo se comprometeu
com as centrais sindicais e com o
Congresso a alterar a atual tabela
do Imposto de Renda. O projeto
que modifica a cobrança do imposto precisa ser enviado e aprovado pelo Congresso ainda neste
ano para valer em 2005.
"Nós estamos construindo alternativas. Temos até dezembro.
Vamos dialogar com o Congresso
Nacional e as lideranças sindicais
antes de enviar a medida", adiantou o ministro.
Segundo o ministro, a criação
de uma alíquota a mais para a tabela teria o objetivo de beneficiar
os trabalhadores que ganham
menos, assim como ocorreu com
a instituição do redutor do Imposto de Renda.
A medida provisória assinada
ontem reduz em R$ 100 a base de
cálculo do IRPF entre agosto e dezembro deste ano. A previsão da
Receita é que o redutor gere uma
perda de arrecadação da ordem
de R$ 500 milhões neste ano.
A alteração também foi negociada com as centrais sindicais,
que pressionavam o governo para
corrigir a tabela do Imposto de
Renda ainda neste ano. "As centrais sindicais pediram que promovêssemos um ajuste, ainda
neste ano, no IR relativo à inflação. Respondemos positivamente", declarou Palocci.
Ele acrescentou, no entanto,
que o governo evitou aplicar a inflação para corrigir a tabela. "Não
devemos usar critérios de indexação em nenhum aspecto da economia. Esse é um esforço que o
Brasil tem realizado. Em muitos
aspectos, conseguiu. Em outros,
não. Devemos evitar a indexação
em todos aspectos contratuais."
Correção periódica
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, defendeu ontem a
correção da tabela periodicamente. "A base tributária deve permanecer estável sempre que possível.
Creio que uma correção periódica
seja adequada. O ideal é que a base de incidência [do IR] acompanhe os índices de preços", disse,
em São Paulo.
Diferentemente de Palocci, Berzoini não encara como indexação
a correção da tabela em cima de
índices de preços. "Indexação danosa é aquela que indexa insumos
para a produção. Imposto não é
insumo para a produção. Imposto é tributação. A base tributária
deve permanecer estável."
(JULIANNA SOFIA e EDUARDO SCOLESE)
Colaborou a Reportagem Local
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