|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fora produtos eletrônicos, consumo não deslancha em 2006
Pesquisas mostram expansão tímida no volume vendido de não-duráveis neste ano em relação a 2005; avanço é conseqüência do maior número de lares
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cálculos sobre o nível de
consumo da população mostram que a farra dos produtos
eletrônicos nem chegou perto
de se repetir no comércio em
geral. Em 2006, está sendo pífio o crescimento dos domicílios que incorporaram à lista de
compras mercadorias que estavam fora da cesta em 2005.
Quem não "engordou" a lista
tampouco aumentou a quantidade comprada. É no mercado
interno que os economistas focam as análises, por ser uma
das promessas de bom desempenho em 2006.
O volume médio de mercadorias adquiridas pelos brasileiros no comércio de alimentos, bebidas e produtos de higiene e beleza subiu 1% até
maio -a estimativa é que o resultado tenha se mantido no fechamento do semestre.
A conta é feita considerando
o ano móvel -os últimos 12
meses em relação aos 12 meses
anteriores. Os dados fazem
parte do último levantamento
da LatinPanel, empresa do grupo Ibope, com base em pesquisa semanal em 6.000 domicílios no país.
Estudo realizado pela consultoria ACNielsen em mais de
800 lojas em sete regiões do
país mostra que tiveram expansão abaixo da média (em volume vendido) as cestas de bazar
(cama, mesa e banho, brinquedos) e de mercearia doce (bolachas, doces, cereais matinais).
Também foram afetadas as
vendas de mercearia salgada
(pães, margarina, maioneses,
sopas), os itens de higiene e beleza e as bebidas alcoólicas
(com exceção das cervejas).
O melhor desempenho foi o
dos perecíveis industrializados,
cujas vendas cresceram 9,1%
em volume neste ano, até abril,
o que ajudou a pressionar para
cima a média de todas as categorias -são oito analisadas pela ACNielsen. Ao descontar o
peso dessa cesta (que inclui
produtos congelados e semiprontos), a alta diminui de
3,5% no ano para 2,3%.
Pelo levantamento da LatinPanel, foi verificado ainda crescimento tímido no índice de
penetração desses produtos
(não-duráveis) nas residências.
Mais lares
Para o ano móvel de maio de
2005 a abril de 2006, essa alta
foi só de um ponto percentual
-ou seja, se um produto era
comprado por 10% das casas,
passou a ser adquirido por 11%
delas, um dos piores desempenhos nas análises recentes da
LatinPanel.
No entanto é preciso ressaltar um dado: como a quantidade de domicílios novos no país
subiu no período, mais lares incorporaram essas mercadorias
à lista de compras. O total de residências cresceu à média de
2,5% de 1996 a 2000 -último
dado oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
"Não dá para esperar explosão nem queda vertiginosa para
o segundo semestre", diz Maria
Andrea Murati, gerente de
atendimento da LatinPanel.
"Na primeira metade do ano, tivemos um movimento de quase
estabilidade no consumo para
essas categorias, sem destaques
importantes."
Saindo desse mercado de
bens de "vida curta", como alimentos e bebidas, os últimos
dados sobre o desempenho de
calçados e roupas tampouco
mostram o mesmo vigor dos
eletrônicos, que crescem a taxas de dois dígitos.
Especialistas em varejo acreditam que ganhos salariais obtidos pelos trabalhadores serão
destinados neste ano para a redução do forte endividamento
ocorrido em 2005 -ano de recordes de liberação de crédito
para a população.
Texto Anterior: Saiba mais: Mudança cambial pode trazer mais investimentos Próximo Texto: Marcos Cintra: Chega! Índice
|